sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal


Ficam aqui meus sinceros votos
de boas festas a todos
os amigos do blog
que estiveram tão presentes a cada postagem
comentando, deixando opiniões, enfim...
É muito bom tê-los todos por aqui.
Saudações especiais aos escafandristas:

Leandro Luz,
Franck,
Lilly,
Germando Xavier,
Anderson Dias,
Dário Gomes,
Ramyla,
Betto.


Um Natal de muitas felicidades a todos que por aqui passarem!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eu só peço a Deus

Fica aqui este post, como uma oração, como um post de natal adiantado.
Boa reflexão a todos.


Mercedes Sosa

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

No youtube vc vê aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=yY5SL1B9t-U&feature=related

sábado, 18 de dezembro de 2010

Expectância

"Noites claras. Focos de luz. Um café. Mãos nos bolsos e o relógio que não pára, eterno escravo do tempo até o fim de seus dias. Eu penso sobre a escravidão. A mais doce e suave, voluntária. Escravo de um olhar. Expectante, expectador. Adorava vê-la, ave sem asas, dançante, majestosa e sublime em si. Tão humana. Não era anjo, não era santa, não era nada, era dona minha. E eu que a avistava de longe em sua singela existência, tão pálida e ao mesmo tempo rápida, passava sem notar-me. Esperava a noite para vê-la dançar. O que resta a um escravo senão implorar? Sol, esconda-se para que nós possamos sair".

Palavras de algum expectador que a viu dançar. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Intimidades

Oi, gente aqui do blog!!! Outro dia desses eu brincava com alguém pelo msn de uma brincadeira que revela os gostos de cada pessoa, achei legal e de repente, achei que poderia publicar aqui e dividir isso com vocês. Funciona assim: um pergunta algo de forma objetiva, o outro responde rapidamente, sem pensar muito e já faz outra pergunta. Abaixo vocês conferem como foi. Eu fiz com um parceiro das poesias aqui do blog. Espero que gostem de dividir algumas intimidades comigo ; )

Um livro:
Lucíola, José de Alencar.

Uma cor preferida:
A cor dos seus olhos.

Doce ou salgado?
Primeiro salgado, depois doce.

Comer, rezar ou amar?
Amar.

Uma mensagem para o mundo:
"Imagine all the people living life in peace..."

Se eu fosse uma flor eu seria...
Uma orquídea, sem a menor modéstia!

Uma viagem inesquecível:
A viagem que ainda farei.

Uma atriz:
Audrey Hepburn.

Um cheiro:
Very Irresistible, Givenchy.

Uma modelo:
A minha avó, Violeta, é meu modelo para muitas coisas.


Eu preferi colocar aqui só as minhas respostas, afinal, é um pouquinho da minha intimidade que divido agora com vocês. Já temos mais de um ano de blog escafandrista, acho que temos fôlego para mais mergulhos assim, não? Um abraço a todos!!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Das minhas sensações

E esta sensação que abala agora o peito,
como manhã que renasce após a noite fria,
será esta sensação algo que anuncia o que está por vir?
Em homenagem às sensações que nos preenchem,
cito a doce Cecília.


Motivo, de Cecília Meireles


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada

domingo, 12 de dezembro de 2010

Tranquilidade


Imagem da web

Viverei.
Hoje melhor que ontem.
Viverei tranquila, seguindo os passos
Que nenhum outro trilhou.
Caminharei e adormecerei
Sobre um campo de flores.
Viverei hoje e sempre,
Como sempre deve ser,
Com paz no coração.

Post de hoje é assim, só porque sinto-me tão bem...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Versos banais

Estes versos banais,
Soltos, tão simples e sem pretensão,
Estes versos tão banais,
Não podem dizer o que estava na cabeça
Quando vieram à mão.
São versos, apenas palavras,
Embora digam que as palavras têm poder.
E se estes versos pudessem
Ser mais do que são,
O que eles poderiam ser?

Estes versos ganham o mundo
Em força, extensa proporção.
Estes versos tão banais,
Que, se pudessem, seriam mais
Do que o que realmente são.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Na Cadência do Samba

"Sei que vou morrer
Não sei o dia
Levarei saudades da Maria
Sei que vou morrer
Não sei a hora
Levarei saudades da Aurora
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba"


E a música fala do que está cheio o coração, "quero morrer numa batucada de bamba". Eu volto com saudades.

Na Cadência Do Samba

Composição: Ataulfo Alves / Paulo Gesta

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Esteja comigo

Durma ao meu lado (abraçado, solto, no meio da cama, não importa), esteja comigo. Leve-me à praia, ao campo, ao céu... o lugar não fará muita diferença, contanto que você esteja comigo. Teste-me quando eu estiver de bom humor, proponha coisas novas, reinvente-nos, por favor. Tenha bom gosto, trato delicado, mas saiba ser ousado quando for a hora certa. Ligue-me ao menos uma vez ao dia, diga o quanto sou bela, não importa se tiver que exagerar um pouco sobre isso. Fale-me de sensações. Esqueça as desilusões amorosas que viveu antes de mim, eu não aceitarei comparações. Deixe-me inquieta, mas não insegura. Prometo não pedir para dirigir o seu carro, mas não digo o mesmo sobre invadir o seu lado da cama. Desarrume os meus cabelos, compre suco de laranja para o café da manhã e esqueça as bobagens que eu disser quando estiver um tanto temperamental. Abrace-me se eu chorar, mas não faça muitas interrogações. Seja comigo, ao mesmo tempo, dois e não um. Aquiete-se, concentre-se, esqueça todo o restante do mundo quando estiver aqui, esteja comigo.

03 de dezembro de 2010
Rio de Janeiro, Brasil.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sabor & Som

Há dentro de nós algo que nos cala
Quando pensamos demasiado,
Mas os pensamentos também calam
E não há palavras
Quando são os olhos que falam.

Sinal que o coração está feliz
E mudamos de um mundo gris
Para um mundo cheio de cor,
De sabor e som
Da manhã que novamente se rebela,
Cala e revela
E dilacera no peito qualquer dor.


parceria com Milton Baseggio Lehmkuhl

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Perfume

Imagem da web


"Me atravesó
tu suave vendaval
rumbo a tu recuerdo seguí
la senda de tu perfume"

Perfume, BajoFondo 




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cátedra

Cruzou as minhas ruas,
Queimou os meus semáforos,
Perdeu-se entre tantos ais.
Adormeceu entre meus braços exaustos,
Concedeu-se de várias formas,
Quadrilátero, claustro,
Entre sinais, sinos, naves e catedrais.

Há poesias que eu adoraria comentar, mas tavez isso reduzisse os seus significados. Prefiro que digam o que veio à mente. Boa noite a todos os que por aqui mergulharem.

Apesar de você

Post novo em http://chicobuarquedobrasil.blogspot.com/

Já a escafandrista que vos fala anda mais para prosa do que para poesia. (Brincadeira). Quando menos esperar surge uma dessas poesias em noites de insônia e eu publico aqui. Agradeço desde já aos escafandristas

Leandro Luz,
Franck  e a
Lilly.

Que sempre estão por aqui. Adoro tê-los (sim, são meus rs). Boa noite.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Doe Palavras

http://www.doepalavras.com.br/

Não dói nada, não custa muito, a não ser o seu tempo. É isso o que você gasta ao enviar palavras de apoio aos pacientes do hospital Mário Penna, Hospital Luxemburgo e Casa de Apoio Beatriz Ferraz.

Pode ser pelo link acima ou pelo twitter com  #doepalavras

A poesia do post anterior já foi enviada. Beijos, beijos, beijos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Versos simples

Parece que choveu,
Quais lágrimas 
Ousariam molhar nosso chão?
Parece que o céu abriu-se
E nós crescemos,
Da raiz ao firmamento,
Da palavra à ação. 

Só para atualizar, boa noite a todos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A nossa Dança

Eu penso em algo como uma dança e você conduz,
Redescobre algo que é inato,
Poesia em ato,
Pelo simples fato

De gerar no prato ótimas combinações.
Combinamos então.
Açúcar, sal
Prova cabal: Eu danço quando você conduz.

Passo diferente, mas complementar,
De um suave despertar. Luz e sombra, cor da noite, cor do dia
Cor de sobra, a cor da nossa história,
pra refazer outra dança

refletindo a nossa sombra


(eu não consigo... interrupções)...


interrupções de luz,
deixe-se levar,
seja conduzida,

deixar-me levar por quem conduz...
suave
leve
num breve cintilar
nos passos
na cor
no sabor
da nossa dança,
que já revela outro odor,
perfumado,
como as manhãs na seda
em que você me conceda outra condução.



(...)

Parceria com Milton Baseggio Lehmkuhl

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Esperança

O vento desfaz
Aquilo que com muito tempo se constrói
E te faz esquecer que há mais na vida
Do que se possa saber.
Do que se sabe é vivido,
Mais que isso,
Há o que se aprender.
O vento desfaz
Tudo o que a gente traz no coração,
O vento espalha as nossas palavras ,
São tantos versos pelo chão.
É bonita a história com final feliz,
Mas tem quem diz que a vida é só ilusão.

Eu te peço, amor
Que não feche as portas,
Que por trás de cada ato
Cada fato é prova de fé
E há que se ter esperança
Porque sem isso a gente é só criança
Nada mais daquilo o que já se é.

Poesia inspirada por C*, boa noite a todos.
 
 "A esperança é uma droga alucinógena".
Rubem Alves

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Festa

Eu vou até você,
Ouço a sua voz,
O sangue me foge das veias.
Querer-te, amar-te,
Tudo é reação em cadeia.
Meu bem, venha morar na minha casa.
Há no meu jardim tantas flores pra você.
Meu bem, hoje é festa na aldeia,
Vamos pintar os nossos corpos,
Eu lembrei que hoje é dia de ser feliz.

Era um Dragão que morava no peito

Olá, amigos. Esta noite tive um sonho, dividido em três fases, a última chamou-me a atenção e gostaria de compartilhá-la com vocês.

Sonhei com um dragão branco, mas era um dragão bebê, muito frágil, indefeso. Sonhei que levava o dragão para casa, cuidava, alimentava e protegia. Havia crianças batendo do lado de fora num portão, queriam entrar para vê-lo e eu não deixava, pois poderiam machucá-lo.

Esse foi só um dos elementos intrigantes do sonho, normalmente devemos analisar os elementos que nos chamam a atenção. Eu já fiz a minha análise, mas de toda forma, pesquisei o significado do dragão branco e achei o seguinte:

" O Dragão Branco já não existe neste mundo, e se caracteriza sobretudo por sua magnificência e beleza.



Ao contrário de outros dragões, este alcançou o seu ponto mais elevado de energia.


O Dragão Branco traz armazenada a informação inteira da História do Universo, já que é um dos aliados mais antigos. Todo o seu corpo brilha. Comenta-se que, quando voa, parece uma estrela do céu.


.../...


Os Dragões Brancos são guardiões de grandes segredos e templos sagrados, e se distinguem pela beleza, bondade e senso de justiça. São equilibrados e observadores, estão sempre atentos ao que se passa ao redor e têm capacidade de perceber o que sucede a grandes distâncias.


Dizem que, ao fitar os seus olhos, podemos ver todo o universo. O Dragão Branco nos concede um poder que nos faz brilhar onde quer que nos encontremos.


São misteriosos e precavidos. Silenciosamente nos concedem Grandes Ensinamentos de Sabedoria.


.../...


Os Dragões Brancos muito raramente foram vistos nesse mundo, pois pertencem a dimensões superiores e apenas seres muito especiais podem tê-lo como aliados.


(...)
 
É muito raro que um Dragão Branco nos apareça, seja em visões, em sonhos ou de qualquer outra forma.

Se o fizer, estará indicando que nossa missão será grande.

 

Será como um chamado ao despertar de nossa consciência, pois algum dia nos caberá também a responsabilidade de ensinar pessoas a modificarem suas vidas.

Sejamos capazes, portanto, de nos transformar a nós mesmos e de potencializar todo o positivo que haja em nós.

É muito bom poder dividir isto com vocês, espero que também gostem.
 
o texto sobre o dragão veio daqui.
 
 
e a imagem é da web

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tudo o que eu queria saber

Poesia que é bom, quase nada. Mas eu andei pensando em versos simples que dizem assim:

Voz de anjo,
Você sussurra aos meus ouvidos
O que eu sempre quis ouvir e saber.
Raro, tão caro,
Memória minha,
Penso se não teria sido melhor
Não tê-lo conhecido
Para não tê-lo que esquecer.

Chico Buarque do Brasil

Queridos e queridas,

Quem conhece-me, mesmo que pouco, sabe do meu fascínio por Chico Buarque de Hollanda. Pois bem, demorou mas saiu. Decidi fazer um blog no qual eu possa publicar algumas coisas sobre ele: são trechos de músicas, fotografias, trechos de livros, notícias e tudo o mais. Agora vocês podem acompanhar chicobuarquedobrasil.blogspot.com sempre que quiserem. Eu devo postar lá ao menos uma vez por semana, mas este lugar ainda deve ser o meu porto seguro, para onde retornarei sempre trazendo algumas poesias para vocês. Agradeço a quem seguir.

Até mais.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Cinco Mais

Estava aqui vendo uns vídeos no You Tube e comecei a pensar no meu Top Five. Eis aqui uma sugestão para vocês:

Internacionais:

1 - Amazing Grace, Elvis Presley;
2 - Every Breath You Take, The Police;
3 - Let it Be, Beattles;
4 - Penny Lane, Beattles;
5 - Love Is a Battlefield, Pat Benatar.

Nacionais:

1 - O que será, Chico Buarque e Milton Nascimento;
2 - Infinito Desejo, Gonzaguinha;
3 - Noites com sol, Flávio Venturini;
4 - Se, Djavan;
5 - Frisson, Tunai.

Coloquei os links de todas as músicas nacionais porque, afinal de contas, a música brasileira é a melhor do mundo. Boa noite a todos.

domingo, 7 de novembro de 2010

É importante?

Imagem: Fabio Candeias

Eu diria que é essencial.

P.S.: Olha ai, Anderson, outra coisa que eu também considero essencial. rs

sábado, 6 de novembro de 2010

Prisioneiro

Passo a tarde,
Faço reza,
Tudo em prece,
Tudo é espera.

Pela janela
Toda em pose,
Toda prosa,
Vejo ela.

Eu espero,
Aguardo,
Calo,
Carrego o fardo
De não saber amá-la.

De tudo o que se cala
Não só a boca fala,
O corpo mostra
A face verdadeira.

Perco a chave,
Fecho a cela,
Nada cabe na espera,
No contar de horas,
No marcar do passo,
No bater do coração dela.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Stand by me

Composição: Ben E. King


When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only light we'll see


No I won't be afraid, no I won't be afraid
Just as long as you stand, stand by me
So darling, darling, stand by me, oh stand by me
Oh stand, stand by me, stand by me


If the sky that we look upon
Should tumble and fall
And the mountains should crumble to the sea


I won't cry, I won't cry, no I won't shed a tear
Just as long as you stand, stand by me
And darling, darling, stand by me, oh stand by me, oh stand now
Stand by me, stand by me


Darling, darling, stand by me, oh stand by me
Oh stand now, stand by me, stand by me, stand by me.


Whenever you're in trouble won't you stand by me, oh stand by me
Oh stand now, stand by me, stand by me, stand by me

Quando

Diga-me quando. Avise-me o tempo de cada coisa, a coisa de cada verso, o verso de cada lugar. Diga-me quando vir, quando ir, quando voltar. Diga-me quando, mas não diga-me como. Avise-me do tempo de cada coisa e eu posso sintonizar a mesma frequência. Eu posso bem mais. Diga-me quando e marcarei o passo em cada tempo, sem erros, ensaios, sem nada mais, tudo é desnecessário. Avise-me quando, só não peça-me para parar...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Amor atemporal

"Pelos momentos que passamos e pelo quanto nos dedicamos, algo ficou. São tantos quartos de hora, tantos quadros espalhados nas paredes da memória. E eu sei que algo ficou. Quem viu há de contar a nossa história. Porque algo assim não será novamente e poucos tem a sorte de ter o que tivemos, sorte maior não há. Pela casa as palavras invadem cada quarto, salas e espaços são repletos dos versos que fizemos e deixamos para que aqueles que venham depois de nós possam saber que nada havia de maior que eu e você e que juntos fomos invencíveis, que juntos nunca estivemos tão vivos, amor atemporal. Pelas ruas os carros passam, as pessoas buscam-se e nós apenas estamos na certeza daquilo tudo o que por si só já é".

Amor atemporal, que eu também poderia entitular de "Sorte".

01 de novembro de 2010
Maranguape- CE.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Guardei

Nas minhas construções mentais,
Tudo é transformado em palavras,
Linhas desiguais,
Nada marcado no compasso,
Tudo escrito em letras garrafais.

Muro inacabado,
Barco afundado,
Hinos, delírios e tudo o mais.

Guardei de tudo um pouco,
Mas ficou tudo inapto,
Poesia em ato,
Processos e rituais.

Chorei de tudo um pouco,
Terra banhada pelo mar além,
Fica tudo guardado,
Se assim deve ser.

Sorri de tudo um pouco,
Sonho e realidade,
Construções imateriais,
Falsa sensação, casa inabitada,

Navios afundados no meu cais.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Convite

Imagem de Francine Van Hove


Vive em mim,
Habita-me.
Convido-te a passar
Dias e noites aqui,
Sob o teto dos meus sonhos,
Sob o pretexto dos menores acasos.
Vive aqui,
Habita-me.
E passaremos horas olhando
Por estas janelas
Os outros namorados que agora
Passeiam dispersos,
Distraídos de seus próprios passos.
Vive em mim,
Habita-me.
Convido-te a não ser somente passageiro.
Convido-te a ficar aqui mais algum tempo,
Mais algumas horas ou dias,
Convido-te a ficar na memória,
Nos quadros, nos cheiros
Na vida minha.
Vive aqui, habita-me.
E veremos a vida passar lentamente
Acariciando-nos a pele
O rosto e os pêlos.
Veremos realizar-se a promessa
De dias melhores,
De momentos felizes.
Vive em mim,
Habita-me nos meus mínimos espaços,
Nos meus versos, convido-te.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Me Deixe Mudo

A ma sante de Francine Van Hove

Não diga nada
Saiba de tudo
Fique calada
Me deixe mudo
Seja no canto, seja no centro
Fique por fora, fique por dentro
Seja o avesso, seja a metade
Se for começo fique a vontade
Não me pergunte, não me responda
Não me procure, e não se esconda

domingo, 24 de outubro de 2010

Dizer "não" sorrindo


Imagem de Francine Van Hove


Sentada à mesa, vontade de escrever não falta. Mais de meia-noite, um final de semana agitado, nada a perder a não ser as horas de sono, véspera de segunda-feira. Pensar no que poderia dizer a alguém nestas horas pode ser cruel comigo mesma, penso eu.

Levanto, olho os objetos da sala, quadros e livros, tudo parece perfeitamente combinado, mas um vazio ainda habita esta sala de estar. Tantos sofás para quê? Vou ao quarto. Deitada, penso no que poderia ter sido a noite anterior se não tivesse dito "não". Aprisionada novamente pelos meus valores extremamente puritanos que chocam-se com os desejos mais naturais de querer dizer quase sempre "sim".

Aprendi que não pode-se dizer "não" sorrindo. Eles retornam e voltam mais ambiciosos. É neste momento que usa-se todo o repertório educado de dizer "não" sorrindo ou virando o rosto para o outro lado, mas ainda assim, eles retornam como fantasmas.

Sozinha estou. Sozinha com os meus fantasmas, eles contam como companhia? Se alguém telefona e pergunta se pode vir aqui, o que eu respondo? "Não dá, estou acompanhada". É quase instintivo, dizer "não" querendo dizer "sim". Tantos sofás, uma cama, o tapete da sala... tantos "nãos" para quê? 

Amor Porteño



Amor Porteno



Gotan Project

Una inquietante mirada de amor porteño

Cálida y cruel

No, no puedo creer que pasó

Que el misterio sensuel de tu risa canyengue

Se apagó


Brindo por esa ilusión de amor porteño

Loco puñal

Dulce y fatal, la nostalgia

De un tiempo pedazo de

Nosotros dos


Y yo que pensaba que no me importaba

Que una caricia podía borrar el color

De mi ciudad …


El código oculto de esa mirada

Es como una señal

Y no puedo zafar

Un deseo sutil que temblando me viene a buscar

sábado, 23 de outubro de 2010

Das nossas confissões

Tango by deadangel

Olhos confessam a nossa adicção,
Olhos confessam o que não tem perdão.
Olhos confessam a divina alegria
Dos corpos que bailam na mais profunda euforia.
Olhos confessam o que tentamos esquecer,
Confessam o que palavras não podem dizer.
Olhos confessam um segredo que guardamos em profunda aflição,
Nossos olhos atestam a nossa perdição.

Agito, calores e desconserto

Oi, gente, sei que não tenho postado ultimamente, também não tenho escrito tanto, mas coloquei agora uns versinhos pra atualizar, nada demais. Gostaria de dar os parabéns atrasados pelo Dia do Poeta e ao Marcelo do Alucinações Amorosas que muito gentilmente lembrou de alguns dos poetas blogueiros, incluindo a Escafandrista que vos fala. Sem mais demoras, a poesia diz assim:

"Quero ser tudo o que te habita,
O que te domina
E predomina em tua mente.
O que te controla as horas de vida,
Que te adora e te castiga
E tu não te ressentes.
Quero ser tudo o que te move,
O destino que te reserva a sorte,
Aquilo do que não foges,
Quero ser pra sempre.
Quero ser pro teu corpo
O seio que te acolhe,
A temperatura certa,
A conduta mais incorreta,
O futuro que não escolhes.
Quero ser tudo o que te agita,
O que te cala e te trata as feridas,
A febre que te causa suor.
Quero ser começo sem fim,
Ser tua querida,
Marcada em tua vida,
Atada a nó".

Foi feita no dia 20, mas só pude postar agora. Não tem nada a ver comigo esse amor meio agitado e desconsertado, mas é só uma das muitas formas que existem e aqui ele vira poesia. Um bom final de semana a todos!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Poesia de Abandono

Eu indo embora, amor.
Depois do que você me fez não dá pra ficar,
Eu te dei casa,
Eu te dei cama,
Eu te dei tudo pra você me amar.
Eu já fiz as malas,
Não adianta me pedir pra voltar.
Eu indo embora, amor.
Depois do que você fez não dá,
Eu levando embora tudo o que te dei,
Vão comigo as mágoas,
As minhas horas e todas as histórias que te contei.
Pra você não deixo nada,
Porque de tudo que te dei nada sobrou
Eu indo embora, vou agora, sem demora,
E quem sabe eu encontre algo melhor
Nos braços de outro amor.


Alguém me faz uma poesia em forma de samba. Desculpem se parecer triste, mas eu ando com essa temática de abandono, ela sempre rende muitos versos. A poesia "A nossa casa" foi feita com a mesma temática. Bom começo de semana pra vocês!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tango Pasión

Música e vídeo de Gotan Project





Diferente

Gotan Project


En el mundo habrá un lugar
para cada despertar
un jardín de pan y de poesía

Porque puestos a soñar
fácil es imaginar
esta humanidad en harmonía

Vibra mi mente al pensar
en la posibilidad
de encontrar un rumbo diferente

Para abrir de par en par
los cuadernos del amor
del gauchaje y de toda la gente

Qué bueno che , qué lindo es
reírnos como hermanos
Porqué esperar para cambiar
de murga y de compás .

domingo, 17 de outubro de 2010

Diga "olá" para o meu novo eu

Sinto dizer, querido, o tempo passou para nós. Cá estamos, lendo os nossos livros, ouvindo sempre os mesmos discos. E penso comigo mesma: "será que ainda faço o seu estilo?". Quisera eu poder dizer que ainda poderíamos pensar em possibilidades, mas certas coisas não acontecem quando não devem acontecer. Simplesmente isso. Eu poderia ter ligado, eu poderia ter dito o que pensava realmente. E talvez nós ainda estivéssemos aqui, em vez dos cacos que sobraram dos sonhos que habitavam este apartamento. Eu queria ter estado aí e eu não teria deixado que repousassem sobre o seu rosto as marcas desse tempo. Resta-nos agora dizer adeus ao que fomos um dia, a vida deixa marcas que nos modificam, impossível não sentir. Diga "olá" para o meu novo eu, esta agora é a imagem que deve ficar na sua mente até que nos vejamos um outro dia, num tempo desses qualquer. Guarde em você o que há de bom em mim. Eu não ousaria pedir que você me esquecesse.


Same Mistake

"I'm not calling for a second chance,
I'm screaming at the top of my voice.
Give me reason but don't give me choice.
'Cause I'll just make the same mistake again."

Same Mistake, James Blunt

"Eu não estou pedindo por uma segunda chance,
Estou gritando o mais alto que posso,
Dê-me uma razão, mas não dê-me escolha,
Pois eu cometeria o mesmo erro novamente"

Mesmo Erro, James Blunt


Agradam-me os versos dele...

Imagem da web

sábado, 16 de outubro de 2010

Daquilo que nos move

É o que não desafina,
Não erra o passo,
Não sai do tempo,
Não sai do tom.
É o gosto apurado,
É o fino trato,
É o ofício que revela o dom.
Amar é desafio,
É escapar da solidão por um triz,
É querer viver em cio,
É a habilidade de tentar
Todo dia ser feliz.
É tudo o que não se prescreve,
É tudo o que se reveste
De alegria ou coisa assim.
É noite de carnaval,
É duelo entre bem e mal,
É fantasiar de Arlequim.
É poesia, é prosa,
É melodia nova,
É bossa de Tom Jobim.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Loja de doces



Como seria
Se a cidade ganhasse novas cores
E no chão houvesse flores
Feitas para ninguém pisar?
Como seria
Se a vida fosse "una tienda" de doces
E nós guardássemos nossos amores
Numa caixinha na sala de estar?
E se pudéssemos fazer da vida
Alguma coisa mais bonita,
Algo mais que se possa saborear?


Estes são só uns versinhos singelos (como os outros), mas que refletem um momento bom. A inspiração está numa "tienda de dulces" que conheci em Toledo, Espanha e parecia uma loja de sonho! As imagens vocês podem encontrar clicando em La Cure Gourmande. Abaixo, uma imagem de como a realidade pode ser doce:


La Cure Gourmande

domingo, 10 de outubro de 2010

Voltando pra casa

Imagem da web


Tô voltando pro samba,
Onde eu nasci e me criei,
Tô voltando pro que deixei,
Cheguei pra ficar.
Tô voltando pro samba.
Tô de malas e cuias,
Porque meu coração já foi "pras cucuias",
Agora tô voltando de vez.
Volto com o coração maltratado,
Maltrapilho, despedaçado
De tudo o que o mundo me fez.
Eu tô voltando pro samba,
Porque o bom filho retorna,
Tô voltando pro samba,
Pra tudo que guardo na memória.
Tô voltando pra vida que me cabia,
Tentando desfazer tudo o que eu temia,
Tô voltando pro que deixei.
Tô voltando pro samba,
Tô voltando pra casa de vez.

sábado, 9 de outubro de 2010

Catavento


Imagem de Ptakart


Sinto-me deitado sobre nuvens
Quando vejo meu bem dançar
E seus cabelos são leves,
Quando o meu bem começa a girar.
O meu peito é catavento de emoções
Tudo fica assim a se misturar
Quando eu vejo o meu bem,
Quando eu vejo meu bem dançar.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Imagem em site

Quando eu nasço, sou preto

Quando eu cresço, sou preto

Quando eu fico no sol, sou preto

Quando eu tenho medo, sou preto

Quando eu estou doente, sou preto

E quando eu morro, continuo sendo preto

E você, cara branco,

Quando você nasce, você é rosa

Quando você cresce, você é branco

Quando você fica no sol, você é vermelho

Quando você fica no frio, você é azul

Quando você tem medo, você é amarelo

Quando você fica doente, você é verde

Quando você morre, você é cinza

E você ainda vem me chamar "de cor"???

 
Poema eleito pela ONU como o melhor poema de 2006, escrito por uma criança africana. Achado em artevoadeira.blogspot.com e me comoveu.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Memórias e Tempos


Ilustração: poesiaescafandrista by polyvore



Eu fiz o tempo passar,
Eu andei por onde tantas outras civilizações andaram.
Eu caminhei e procurei ali o meu lugar.
Por entre ruas tortas,
Pessoas meio mortas,
O cheiro do absinto no ar.
Eu fiz o tempo passar, passar como o vento.
Eu fiquei marcada ali,
De tantas coisas vistas,
Nada sacia o meu desejo
Do meu prazer estético.
Eu caminhei ali,
Deixei no chão a marca dos meus passos
E eu volto,
Porque ali mesmo prometi voltar.
Eu fiz então o tempo, tanto tempo passar,
Passar como o vento, eu fiz o tempo passar.
Eu vi a mulher de saia comprida,
Eu vi a feira amanhecer.
Eu passei ali e tudo ficou em mim,
A igreja antiga,
A música e tudo o mais.
E eu deixei marcas lá.
Eu fiz o tempo, eu fiz o vento, eu fiz o mundo girar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A nossa infância


Imagem da web



É o tempo, é o tempo,
É da idade, é coisa de criança,
É doce, é doce.
São coisas da infância.

E esse jeito de ser
De quem não tem preocupação
É o tempo,
É da idade,
Nada faz mal, não.

Pode comer chocolate,
Pode correr na calçada,
Pode brincar à vontade,
Nada faz mal, não.

E pode falzer o que quer,
falar o que quer,
Tudo tem perdão.

É tudo coisa da idade,
É de bila, é de bola,
É brincadeira,
Nada faz mal, não.

Manhã

Imagem da web



Permanece sobre a pele agora o frio de uma manhã que esconde-se como se não fosse ainda primavera. Fica sob o peito, a aquecer-me, um desejo de mudança... Que seja em breve.

domingo, 3 de outubro de 2010

Interlúdio

Imagem da web


As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.


De Cecília Meireles
(estou louca pra comprar uns livros dela!)

sábado, 2 de outubro de 2010

Despedidas

"...porque quando você me vê passar você sente que sou sempre assim, tão fluido e você acha que me compreende, mas tudo o que apreende de mim se esvai com tamanha facilidade e tudo o que interpreta de mim é o meu caminhar vacilante, as minhas palavras soltas, sem sentido, sem açúcar, sem afeto, sem um pingo de razão, mas que você desejava que fossem todas suas..."

Despedidas, poesiaescafandrista.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dos caminhos

Ah! Os caminhos estão todos em mim.
Qualquer distância ou direcção, ou fim
Pertence-me, sou eu. O resto é à parte.
[...]

Fernando Pessoa


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dos livros


Imagem da web

Ela é tão somente um reflexo de tudo isso que lê e seu mundo gira em torno de cada poesia, de cada canção daqueles compositores antigos da nossa música... e assim vai vivendo, dentro dos seus sonhos, dos seus livros, das suas possibilidades. Ela acha que cada vida tem o seu lirismo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Desiderata

DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.

"Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível, sem humilhar-se,
mantenha-se em harmonia
com todos que o cercam.
Fale a sua verdade, clara e mansamente.
Escute a verdade dos outros, pois eles
também têm a sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas,
elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais,
olhando as pessoas como superiores
ou inferiores a você,
isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais
e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho,
por mais humilde que seja,
ele é um verdadeiro tesouro na
continua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer,
porque o mundo está cheio de armadilhas.
Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo, não simule afeição
e não transforme o amor numa brincadeira,
pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos
e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive a força do espírito e você estará preparado
para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com perigos imaginários:
muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina conserve,
para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores,
você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber,
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus,
seja qual for o nome que você lhe der.
No meio do seu trabalho e nas aspirações,
na fatigante jornada pela vida,
conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano,
o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz
e partilhe com os outros a sua felicidade".


Este texto foi encontrado na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore, datado de 1692.

domingo, 26 de setembro de 2010

Realidade



A realidade não é o que é, ela é o que somos. A vida ganha o significado que damos a ela, afinal de contas, quem mais poderia dar significados senão as pessoas? Dizem que se os cavalos tivessem um deus, seria um deus-cavalo, e os leões encontram em outros leões os seus líderes. Assim tudo é feito à nossa própria imagem e semelhança. Como poderia ser diferente? Então empreendemos a nossa procura pela Verdade, pela felicidade,  a procura por aquilo que nos falta.

Budapeste II

"A verdadeira poesia desaba por dentro... como o amor".

Kriska, Budapeste de Chico Buarque.

Ninguém acertou, gente! ain, ain...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Budapeste

"A verdadeira poesia desaba por dentro..."


Um prêmio para quem completar a frase corretamente!

Budapeste, Chico Buarque.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Verso nobre

Imagem da web

Eu confesso que não vi todos os teus detalhes
E desviei dos teus olhares, eu confesso que não quis.
Agora passas sem notar-me e eu parado aqui,
Procurando um verso nobre num poema pobre
Para dedicar a ti.

sábado, 18 de setembro de 2010

Amados e Amantes

"Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao ver que sem você
Eu passo bem demais...

Dizem que o medo das mulheres é que seus homens amem outras mulheres, mas o medo dos homens é que suas mulheres sejam amadas por outros homens. Amadas no sentido mais carnal da palavra, amadas-satisfeitas. É por isso que as mulheres dizem "meu marido tem uma amante". Na verdade, elas não conseguem imaginar a possibilidade de seus amados amarem outras mulheres, preferem a idéia de que outras amam seus amados, por isso o que os homens têm, para as mulheres, não são outras amadas, são amantes. E como as palavras traem-nos em tantos momentos e revelam-nos nos nossos maiores medos e angústias e tormentos! Se para as mulheres, seus homens tem amantes, para os homens suas mulheres têm o quê?


... E que venho até remoçando
Me pego cantando,
Sem mais, nem por quê
Tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você ".
 
Olhos nos olhos, Chico Buarque

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Poema de agradecimento

Versos dedicados a Roberto Favretto.

Ah se eu pudesse recriar-te
E fazer-te em cada mínima parte,
Se eu pudesse dar-te outros nomes
Então serias obra minha, somente minha,
Do meu desejo e do meu afeto
E ficarias sempre aqui, comigo a sós,
Sempre tu em mim a habitar-me,
Sempre, somente nós.

Drummond

"Neste botânico setembro,
que pelo menos você plante
com eufórica emoção ecológica
num pote de plástico
uma flor de retórica."

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

In Verso


Imagem: Pablo Picasso


Se pudesses ver-me em cada verso
E decifrar-me em cada linha
Como se decifrasses um enigma
Que estivesse a devorar-te,
Se pudesses ler-me como
Quem lê uma doce poesia
Com que alegria irias desvelar-me?
E se pudesses descrever-me em um traço,
Como obra de algum artista,
Que quadro eu seria,
Um Matisse ou um Picasso?



Nota: Henri Matisse, pintor francês do Fauvismo; Pablo Picasso, pintor espanhol do Cubismo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Palíndromo

Imagem linoart

Quando pediram ao Chico (Buarque, óbvio, de que outro Chico eu falaria?) para fazer algo pro jornal Pasquim paulista ele disse: "Minha agenda estourou. Tô enlouquecido, ensaiando o show com Bethânia para o dia 02 em Paris. Fazer matéria nem pensar, mas se vocês quiserem um palíndromo... Levei 5 horas fazendo".



"Até reagan sibarita tira bisnaga ereta"

Chico Buarque

Pasquim São Paulo Ano XVIII - 10 de julho de 1986

Obs.: Palíndromo é a frase que pode ser lida da direita pra esquerda e faz o mesmo sentido.

fonte: chicobuarque.com

domingo, 12 de setembro de 2010

Farol

Enquanto sigo teus passos na areia
Minh´alma é como a luz
Que nos teus olhos vagueia
Como as ondas do mar
Meu caminho agora são
Águas que o teu farol clareia
No passar das horas
Que o meu coração encendeia
Porque longe de ti meu olhar só mareia, mareia...

sábado, 11 de setembro de 2010

Dubito, ergo sum



Mais uma tarde estranha neste apartamento
Em que as coisas me falam que ainda haverá um momento
Em que todas as coisas dirão que já é hora de partir
E ai de mim que espero sozinho e aflito
E leio as marcas deixadas em mim
E os sinais que eu mesmo deixei gravados em todos os lugares
Para que algum escafandrista possa lê-los
Quando eu já não mais estiver aqui...


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Eu te amo"

Aos 16 anos você acha que "eu te amo" é uma expressão sagrada, que só pode ser dita verdadeiramente, com todo o sentimento, para aquela que será a pessoa da sua vida. Logo depois de algumas decepções você descobre que as pessoas dizem "eu te amo" de forma displicente e leviana. Depois de um tempo você descobre que "eu te amo" é bom de se ouvir, mas que se beleza não se põe à mesa, também não se serve "eu te amo" no café da manhã. E você precisa de mais do que isso. Uma hora você descobre que "eu te amo" não é "abracadabra", não conserta corações partidos, não traz de volta o tempo perdido, "eu te amo" não recebe o que não deu. "Eu te amo" algumas vezes é mais interrogação que afirmação, é mais desejo que ação, é mais dúvida do que qualquer "talvez, não sei". De repente, você pode pensar que aquela pessoa que seria a pessoa com quem você deveria estar para sempre pode estar por ai, em qualquer lugar, lendo uma revista, comprando o pão ou pode estar trocando alianças, tendo filhos e comemorando aniversário de casamento com alguém que não é você. Ou não. Bom, passa de tudo pela cabeça, mas esta não é a melhor coisa a se pensar. A verdade é que a pessoa certa também pode ser esta ao seu lado agora, essa que levanta cedo pra fazer o café, que almoça pensando em você e se preocupa com o que você comeu quando você diz que está com dor de cabeça. Pode ser que o amor verdadeiro seja esse alguém que passa o dia ocupado, mas que volta pra você ao fim do dia para vocês jantarem juntos e verem tevê. E de repente você descobre que "eu te amo" é mais simples do que qualquer teorema, às vezes você nem precisa se preocupar com isso. Às vezes "eu te amo" é algo tão simples que você nem precisa dizer. Pelo menos não com estas palavras.

O corpo e o movimento em “O escafandro e a borboleta”

“O Escafandro e a borboleta” é um livro de Jean-Dominique Bauby, nascido em 1952, redator da revista Elle na França. Bauby foi vítima da síndrome locked-in, síndrome do encarceramento, que o deixou paralisado quase que por completo e comunicando-se através do olho esquerdo, a única parte do corpo não afetada pela paralisia.

Através de uma forma de comunicação bastante precária, lenta e cansativa, Bauby escreve o livro em que relata sua experiência de ter entrado em coma, de perder a autonomia de seus movimentos, de passar de uma vida cheia de afazeres no qual ele ocupava uma posição profissional relevante a uma posição que ele compara a de um “bernardo-eremita sobre o seu rochedo”.

Através da possibilidade de comunicar-se, usando apenas o olho esquerdo, Bauby vislumbra a possibilidade de uma vida vivida em sonhos, em pensamentos. A comparação entre o corpo e a mente é feita através do escafandro, como algo pesado, que impossibilita o movimento, no qual o escafandrista vê-se aprisionado, e o pensamento como a borboleta, que vagabundeia livremente, leve, numa existência frágil.
 
(...) O corpo ganha nova configuração, novo sentido. Há um sentido médico do corpo como a expressão da doença, da paralisia. O corpo, neste caso, muitas vezes é visto como impossibilidade de realização. E há outro sentido também para o corpo, como o corpo que ainda mantém a vida, o corpo que permite a observação do mundo agora com maiores detalhes, um corpo que em sua impossibilidade de movimentar-se, permite uma re-significação da percepção da realidade.

O livro de Jean-Dominique Bauby tornou-se um sucesso traduzido em mais de trinta países e virou filme, chamando a atenção de jornalistas no mundo todo em 1997, quando faleceu seu autor".

O texto acima é uma das atividades acadêmicas da discplina de Psicomotricidade do curso de Psicologia na Universidade de Fortaleza, vetada a reprodução.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Despedidas

Imagem da web

Quando das minhas horas resolvo fazer algo que possa resumir-se a linhas e vejo que tudo o que vem de mim, nestas mesmas horas, é ligeiramente louco e as minhas palavras ecoam pelos labritintos dos teus ouvidos e eu escrevo sem saber se isto terá um dia algum sentido para você porque sei que sou capaz de não fazer nenhum e ao mesmo tempo sou capaz de despertar em você o que há de pior e o que há de melhor, porque quando você me vê passar você sente que sou sempre assim, tão fluido e você acha que me compreende, mas tudo o que apreende de mim se esvai com tamanha facilidade e tudo o que interpreta de mim é o meu caminhar vacilante, as minhas palavras soltas, sem sentido, sem açúcar, sem afeto, sem um pingo de razão, mas que você desejava que fossem todas suas, que falassem de você, que te descrevessem e te revelassem nos teus piores defeitos e nas tuas manias e eu não teria coragem de fazer isso porque te magoaria e você esperaria de mim muito mais do que eu poderia te oferecer, então você continuaria ai com os teus sonhos, os teus planos bobos que me incluem, tecendo os fios das redes que te sustentam e você não teria agora a certeza se isso um dia terá fim e eu te provo por a mais b que tudo que tem início também acaba e pode acabar de qualquer jeito, sem deixar cartas de despedidas, sem desculpas e sem mais demoras eu te digo que as coisas devem ter um ponto final agora, aqui, com uma única palavra que possa resumir tudo isso: Adeus.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Das minhas dúvidas

De todas as minhas cores,
Quantas são feitas do azul do céu,
Do branco das nuvens,
Quantas são feitas de sonho?
De todas as curvas do meu corpo,
De todos os traços do meu rosto,
Quantos são em forma de S,
Em forma de L, em forma de V?
De todas as minhas poesias,
De todos os meus pensamentos,
Quantos poderiam ser canção?
De todas as minhas horas, de todos os meus dias,
Quantos são realmente meus?
E as minhas luas,
E os meus sóis,
Como poderiam ser todos eu?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ágape

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria."

1a epístola de Paulo aos Coríntios.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Das minhas sensações

Imagem da web

Não sei o que se passa comigo. Há em mim um sei-lá-o-quê, algo que faz-me escrever poesias e acorda-me às cinco da manhã. Há em mim qualquer coisa que insiste em reaparecer, algo que não sei, nem quero e talvez nem possa nomear.

domingo, 29 de agosto de 2010

Tanto

Quero-te um tanto assim
Mas se ficas longe de mim
Ouso querer-te um tanto mais.
Quero-te um tanto
Que já não sei o quanto,
Mas se deixas-me solta
Faz-me louca,
Faz-me querer-te um tanto mais.
Quero-te um tanto assim,
Quero-te perto,
Junto a mim,
Quero-te sempre um tanto mais.

sábado, 28 de agosto de 2010

O sonho é um desejo d´alma

"O sonho é um desejo d'alma
N'alma adormecer
Em sonhos a vida é calma
É só desejar para ter


Tem fé no teu sonho e um dia
Teu lindo dia há de chegar
Que importa o mal que te atormenta
Se o sonho te contenta
E pode se realizar".

Atentem para a composição: Cinderela, Disney.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Coleção


Postagem para falar sobre o mais novo lançamento da Abril, a mais completa coleção sobre a obra do Chico. Acho que toda a coleção custa mais de duzentos, mas pode ser comprada nas bancas também, um exemplar vai sair todo mês. No site http://www.colecaochico.com.br/ vocês encontram maiores informações e podem participar do concurso que vai dar uma coleção para um fã. Recado dado, missão cumprida. Abraços.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O essencial

imagem da web

"Só se vê bem com o coração,
o essencial é invisível aos olhos".

(A raposa)
O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupèry

sábado, 21 de agosto de 2010

Dos meus manuscritos




Escrevi a ti estas palavras tomando todo o cuidado de não revelar-te a ti mesmo quando leres, para que não te tornes ainda mais convencido do que já és. Tomei cuidado também de escrever em prosa ou fazer poesia sem rima para que não pareça demasiado romantismo meu. Escrevi apenas para falar do meu desejo de ainda ter-te, para que saibas que "esquecer-te" é verbo inexistente sem nenhum equivalente no meu vocabulário. E porque és assim tão meu e tão distante e porque deixaste-me antes de ter-me, por isso conto ainda as horas para encontrar-te.