segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AMAVISSE

Instituto Hilda Hilst

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
(II)

* * *

Descansa.
O Homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias.
(Via Vazia - VIII)

(Amavisse - Hilda Hilst, São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Brincar de poesia

Fazer verso
Fazer poesia
De brincadeira se cria
Uma frase, um refrão

Fazer trocadilhos
Sair dos trilhos
Caminhar caminhos
Que antes não

Brinco com as palavras
E isso me agrada
Fazer poesia
Faz da poesia
Menos sagrada.

Na poesia
Tudo se pode fazer
E o que a vida não te permite
A poesia te permite viver.

Meu amanhã

"Minha meta, minha metade 
Minha seta, minha saudade 
Minha diva, meu divã 
Minha manhã, meu amanhã 

Meu fá, minha fã 
A massa e a maçã 
Minha diva, meu divã 
Minha manha, meu amanhã 
Meu lá, minha lã 
Minha paga, minha pagã 
Meu velar, minha avelã 
Amor em Roma, aroma de Romã 
O sal e o São 
O que é certo, o que é Sertão 
Meu Tao, e meu tão 
A Nau de Nassau, minha nação. "

Lenine

A poesia de Lenine, brincando com as palavras... sal, são, certo, sertão. às vezes brinco com as palavras nas poesias e isso me agrada, faz a poesia menos... sagrada.