terça-feira, 27 de setembro de 2016

A vida passa



"Usa o meu corpo pro teu aconchego,
Me faz de travesseiro,
Me toma de apego
Que eu me torno cheio.
Cheio feito lua, feito leito de rio.
Ah! Como rio do teu jeito
quando me fazes inteiro arrepio".

A Escafandrista.


A vida passa rápido pela janela. São carros, semáforos, buzinas, são horas inteiras à espera de bom proveito. A vida passa, só isso. Quando você vê, de repente, a faculdade terminou, o mês acabou, o namoro também. Somos poucos diante de tamanha imensidão de trivialidades sem razão nenhuma de ser. É tanta obrigação, tanta desculpa esfarrapada que a gente se perde no meio de tudo, de tanta coisa que não é nada. Tanta coisa que a gente passa e não vê, tanta coisa que nos incomoda sem a gente saber o porquê. É tanta coisa, é tanto carro, é tanta hora que todo mundo faz. De repente, a vida passa como um filme que a gente pegou quase no final. E o que acontece com o ator principal? É tanta gente que a gente conhece. Gente que vem e depois some, gente que vai e depois volta e a vida parece uma ciranda, uma roda-viva, uma roda gigante. De repente, a gente acorda e vê que faltou ser mais presente, que faltou ser lugar seguro pra alguém. Foi um abraço que a gente não recebeu, um amor que a gente não deu, uma presença que a gente poderia ter sido e não foi. No final das contas, você percebe que fez o melhor que podia naquele momento, mas fica um questionamento: você está sendo tudo o que poderia ser?


Texto meu inicialmente publicado em 20 de janeiro de 2016 em Meu Casamento Club

Pássaros



Liberdade que se fez luz
Apagou o sol para ficarmos nus.
Estrela matutina,
Me faz menina
Pequena em teu aconchego.
Vem cá, me dá um cheiro
Que somos pássaros
Soltos no mundo,
Mergulhamos fundo,
(Amantes-irmãos).
Vem cá pro meu peito
Que somos feitos dessa luz em nós
Que desatou os nós
Para os amores sãos.
Nosso encontro não foi ao acaso, não.
Vem cá, me dá a mão.
Vamos voando juntos,
Plantando e colhendo amor
De grão em grão.

sábado, 19 de março de 2016


Ela é lua cheia ao meio-dia, 
É ré menor, é melodia, 
Consegue ser poeta 
Sem deixar de ser poesia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Carnavais



Valsa ela, triste, entre palmeiras e coqueirais,
No peito guardado um verso insiste
Na lembrança de outros carnavais.

Revela em sua fantasia
Concebida com todo esmero
A poesia de uma noite fria
Do amor entregue, tão sincero.




Nascimento

Andava poesia a cada passo dado
Desde que aprendeu a ficar de pé.

Falou os primeiros versos
Antes mesmo de aprender a pedir...
A pedir o que comer,
O que beber, o que vestir.

Aprendeu a chorar em prosa,
Aprendeu a sorrir em poesia.