domingo, 1 de dezembro de 2013

Caminhada

Deixe de lado a incerteza, é hora de caminhar.
Todos os caminhos são bons para quem sabe onde quer chegar.
Sintonize o seu querer, não há pegadas no chão.
A coragem é o motor de toda missão.
Você vai saber a hora exata de parar ou prosseguir.
Não há tempo para temer, é preciso agir.
E a vida será feita desses passos, vacilantes ou não.
Ela só se dá para quem se deu de coração.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Espírito livre

Um espírito livre só se dobra ao vento.
Nada pode mudar sua natureza.
Um espírito livre aprende com o tempo.
Quanto mais envelhece, mais sua energia aumenta.

Um espírito livre é dotado de profunda beleza.
Não se pode alcançá-los em sua imensidão.
Somente os livres compreendem sua leveza.
Poucos entendem a nobreza de seu coração.

domingo, 22 de setembro de 2013

A vida que se quer

Botero


Desta vida, de certo,
Só se sabe que há de acabar.
E se acaba esta vida?
E a morte morrida que me há de chegar?
Chegará em noite quente ou fria? 
Sabe-se lá...

E se chegar o fim da vida
Sem que se saiba dançar?
E se chegar a morte morrida,
E não tiver feito poesia,
Que será de mim, que será?

De certo da vida,
Só se sabe que há de acabar.
E se chegar o derradeiro dia
E não tiver aprendido a cantar?

É preciso viver a vida que se quer,
Fazer da vida uma poesia,
Pois cada verso é um dia,
De um calendário qualquer.

E a vida passa despercebida,
Num verso de bem-me-quer,
E terá sido esta vida,
Bem mais do que se pensa que é.





quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um pouco loucos, um pouco sãos

Todos os vinhos, todos os calores, todos os risos são nossos.
Nós aqui, nos permitindo devaneios poéticos,
Enquanto lá fora os corações congelam ao vento.
O fio do silêncio nos cortava o peito há pouco,
Agora somos só versos, só ânsias, vinhos e calores muitos.
Aguardamos, atentos um ao outro, para que não passe o nosso verão.
Novas estações chegam, novos amores vêm e vão.
E nós aqui, nos permitindo vinhos, devaneios, versos.
Somos um pouco loucos, um pouco sãos.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

sábado, 8 de junho de 2013

OFF

Ando meio offline, mas a minha timeline está lotada.
Me marcaram num evento que eu não fui
E para mais eventos fui convidada.
Me perguntaram o que estou pensando,
Achei melhor nem falar.
Fiz uma poesia meio debochada,
Enquanto alguém publicava a foto do jantar.
Mais alguém que não conheço solicita minha amizade
E a realidade, onde está?

domingo, 28 de abril de 2013

Devaneios de domingo

Zero hora de domingo pra segunda e a insônia nos acompanha num fervor intermitente. Pouco importam os nossos compromissos de amanhã, tua nudez reconhece as minhas curvas. Estamos tomados de vinho, de amor, de calores muitos e em várias direções. Os livros na estante emudeceram, mas eu lembrei de um poema teu, guardado na gaveta, um soneto. Tentei imaginar quantos homens já me escreveram sonetos. Só você. Só você que, no soneto, se dizia meu. É preciso muita coragem para mentir em métrica poética tão bem calculada. Talvez fosse verdade no momento em que escreveu. Agora que leio, é só saudade. Saudade é você que se estica no meu sofá, me traz um vinho barato e tenta ocupar um lugar que já te pertenceu. Continua se perdendo nas minhas curvas, nas minhas poesias, nos meus devaneios de domingo. Amanhã esquecemos o passado e voltamos a viver no presente.


terça-feira, 16 de abril de 2013

Não me ame tanto assim

Não me ame tanto assim.
Ama aquilo que hoje é mar, amanhã é bruma.

Ama na espuma do mar, na onda que traz e depois leva.
Ama nas horas vazias as coisas que não têm nome
E que, assim sendo, não obedecem ao teu chamado.

Ama aquilo que hoje é brisa, amanhã é terra.
Ama aquilo que em ti é ânsia do mar,
Ama aquilo mesmo que não se esmera em te agradar
Aquilo tudo que te consome na espera.


Não me ame demais
Que o barco que hoje levanta as velas
Amanhã não torna ao cais.
Não me ame tanto assim,
Que desejo é fácil, amor é raro,
E amanhã é só relicário em mim.



sexta-feira, 29 de março de 2013

Até o fim

Ando com o juízo embaralhado, ando com o coração acelerado, mente inquieta. Ando com o horário trocado, ando falando um bocado, ando incerta. Tenho estado inundada de tudo... de mim, de ti. Tenho estado repleta desta falta, num vazio que preenche fotos, horas, lugares, um dia inteiro. Ando pensando se continuo, se paro ou se danço a música até o fim.



Katerina Bodrunova

Olha aí, meu bem

Olha aí, meu bem. Que dia bom para ser feliz!

Vamos relembrar algumas coisas. A receita é infalível: acordar e ver que já amanheceu, olha a pessoa dormindo ao lado e sente paz. E sente dúvida (se abraça ou não, com medo de acordar a pessoa). Sentir fome? Pode ser. Preguiça? Também. Se conseguir superar tudo isso, levanta e se olha no espelho. Mexe no cabelo, respira fundo e agradece. Este dia é mais uma dádiva, uma "dádiva da vida". Gosto dessas palavras juntas, parecem um trocadilho bem intencionado.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AMAVISSE

Instituto Hilda Hilst

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
(II)

* * *

Descansa.
O Homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias.
(Via Vazia - VIII)

(Amavisse - Hilda Hilst, São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Brincar de poesia

Fazer verso
Fazer poesia
De brincadeira se cria
Uma frase, um refrão

Fazer trocadilhos
Sair dos trilhos
Caminhar caminhos
Que antes não

Brinco com as palavras
E isso me agrada
Fazer poesia
Faz da poesia
Menos sagrada.

Na poesia
Tudo se pode fazer
E o que a vida não te permite
A poesia te permite viver.

Meu amanhã

"Minha meta, minha metade 
Minha seta, minha saudade 
Minha diva, meu divã 
Minha manhã, meu amanhã 

Meu fá, minha fã 
A massa e a maçã 
Minha diva, meu divã 
Minha manha, meu amanhã 
Meu lá, minha lã 
Minha paga, minha pagã 
Meu velar, minha avelã 
Amor em Roma, aroma de Romã 
O sal e o São 
O que é certo, o que é Sertão 
Meu Tao, e meu tão 
A Nau de Nassau, minha nação. "

Lenine

A poesia de Lenine, brincando com as palavras... sal, são, certo, sertão. às vezes brinco com as palavras nas poesias e isso me agrada, faz a poesia menos... sagrada.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Adélia Prado


"Toda obra... ela... o objetivo dela é atingir o momento poético, seja escultura, teatro, cinema, música. Ela só acontece a hora que ela vibra poeticamente." 

"Qualquer autor é instrumento de algo que o suplanta, que é maior que ele."

"A natureza do religioso e da experiência poética é absolutamente igual."

"A vingança da poesia é essa, é ela ser maior que a gente"

Estas e outras belezas foram ditas por Adélia Prado, mesclando poesia e fé em seu discurso poético-religioso. Vale muito a pena conferir o vídeo da Saraiva. 

Boa noite!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Poema pra dizer adeus

Quisera descansar meus olhos,
Descansar o peito e a boca
Da vertigem que causam as ondas
Enquanto o mar é só ânsia.

De volta ao cais eu reconheço o teu rosto
Como o cão que reconhece o dono
E logo arqueio meu corpo em tua direção
E não te beijo.

Faço então o retorno ingrato
Daquilo tudo que poderia ter sido
E perdeu-se nas margens dos rios
Das minhas poesias profundas e tolas.

Eu despeço-me de ti sem largar as malas,
Dando as boas vindas à nova vida
Que chega revestida de amor e vaidade pouca
Com os olhos brilhando e pérolas nos cabelos.


5 de agosto de 2011, Fortaleza, Ceará, Brasil.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Trocadilhos poéticos


Há bocas que nos falam como se tivessem beijos

sábado, 5 de janeiro de 2013

Versos sem nome

Encontra-me emudecida a poesia.
Bate à porta e entra, dona de tudo,
Aflita, a querer interrogar-me à revelia.

Encontra-me indefesa e muda,
Depois de tantas idas e vindas,
Some.

Deixa-me os versos na boca.
O gosto daquilo que não deve ser dito,
Aquilo que a si mesma anuncia
Não tem nome.

Ao ver-me pálida, arredia,
Assustada perde-se a poesia,
Abandona-me.