sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal


Ficam aqui meus sinceros votos
de boas festas a todos
os amigos do blog
que estiveram tão presentes a cada postagem
comentando, deixando opiniões, enfim...
É muito bom tê-los todos por aqui.
Saudações especiais aos escafandristas:

Leandro Luz,
Franck,
Lilly,
Germando Xavier,
Anderson Dias,
Dário Gomes,
Ramyla,
Betto.


Um Natal de muitas felicidades a todos que por aqui passarem!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eu só peço a Deus

Fica aqui este post, como uma oração, como um post de natal adiantado.
Boa reflexão a todos.


Mercedes Sosa

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

No youtube vc vê aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=yY5SL1B9t-U&feature=related

sábado, 18 de dezembro de 2010

Expectância

"Noites claras. Focos de luz. Um café. Mãos nos bolsos e o relógio que não pára, eterno escravo do tempo até o fim de seus dias. Eu penso sobre a escravidão. A mais doce e suave, voluntária. Escravo de um olhar. Expectante, expectador. Adorava vê-la, ave sem asas, dançante, majestosa e sublime em si. Tão humana. Não era anjo, não era santa, não era nada, era dona minha. E eu que a avistava de longe em sua singela existência, tão pálida e ao mesmo tempo rápida, passava sem notar-me. Esperava a noite para vê-la dançar. O que resta a um escravo senão implorar? Sol, esconda-se para que nós possamos sair".

Palavras de algum expectador que a viu dançar. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Intimidades

Oi, gente aqui do blog!!! Outro dia desses eu brincava com alguém pelo msn de uma brincadeira que revela os gostos de cada pessoa, achei legal e de repente, achei que poderia publicar aqui e dividir isso com vocês. Funciona assim: um pergunta algo de forma objetiva, o outro responde rapidamente, sem pensar muito e já faz outra pergunta. Abaixo vocês conferem como foi. Eu fiz com um parceiro das poesias aqui do blog. Espero que gostem de dividir algumas intimidades comigo ; )

Um livro:
Lucíola, José de Alencar.

Uma cor preferida:
A cor dos seus olhos.

Doce ou salgado?
Primeiro salgado, depois doce.

Comer, rezar ou amar?
Amar.

Uma mensagem para o mundo:
"Imagine all the people living life in peace..."

Se eu fosse uma flor eu seria...
Uma orquídea, sem a menor modéstia!

Uma viagem inesquecível:
A viagem que ainda farei.

Uma atriz:
Audrey Hepburn.

Um cheiro:
Very Irresistible, Givenchy.

Uma modelo:
A minha avó, Violeta, é meu modelo para muitas coisas.


Eu preferi colocar aqui só as minhas respostas, afinal, é um pouquinho da minha intimidade que divido agora com vocês. Já temos mais de um ano de blog escafandrista, acho que temos fôlego para mais mergulhos assim, não? Um abraço a todos!!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Das minhas sensações

E esta sensação que abala agora o peito,
como manhã que renasce após a noite fria,
será esta sensação algo que anuncia o que está por vir?
Em homenagem às sensações que nos preenchem,
cito a doce Cecília.


Motivo, de Cecília Meireles


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada

domingo, 12 de dezembro de 2010

Tranquilidade


Imagem da web

Viverei.
Hoje melhor que ontem.
Viverei tranquila, seguindo os passos
Que nenhum outro trilhou.
Caminharei e adormecerei
Sobre um campo de flores.
Viverei hoje e sempre,
Como sempre deve ser,
Com paz no coração.

Post de hoje é assim, só porque sinto-me tão bem...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Versos banais

Estes versos banais,
Soltos, tão simples e sem pretensão,
Estes versos tão banais,
Não podem dizer o que estava na cabeça
Quando vieram à mão.
São versos, apenas palavras,
Embora digam que as palavras têm poder.
E se estes versos pudessem
Ser mais do que são,
O que eles poderiam ser?

Estes versos ganham o mundo
Em força, extensa proporção.
Estes versos tão banais,
Que, se pudessem, seriam mais
Do que o que realmente são.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Na Cadência do Samba

"Sei que vou morrer
Não sei o dia
Levarei saudades da Maria
Sei que vou morrer
Não sei a hora
Levarei saudades da Aurora
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba"


E a música fala do que está cheio o coração, "quero morrer numa batucada de bamba". Eu volto com saudades.

Na Cadência Do Samba

Composição: Ataulfo Alves / Paulo Gesta

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Esteja comigo

Durma ao meu lado (abraçado, solto, no meio da cama, não importa), esteja comigo. Leve-me à praia, ao campo, ao céu... o lugar não fará muita diferença, contanto que você esteja comigo. Teste-me quando eu estiver de bom humor, proponha coisas novas, reinvente-nos, por favor. Tenha bom gosto, trato delicado, mas saiba ser ousado quando for a hora certa. Ligue-me ao menos uma vez ao dia, diga o quanto sou bela, não importa se tiver que exagerar um pouco sobre isso. Fale-me de sensações. Esqueça as desilusões amorosas que viveu antes de mim, eu não aceitarei comparações. Deixe-me inquieta, mas não insegura. Prometo não pedir para dirigir o seu carro, mas não digo o mesmo sobre invadir o seu lado da cama. Desarrume os meus cabelos, compre suco de laranja para o café da manhã e esqueça as bobagens que eu disser quando estiver um tanto temperamental. Abrace-me se eu chorar, mas não faça muitas interrogações. Seja comigo, ao mesmo tempo, dois e não um. Aquiete-se, concentre-se, esqueça todo o restante do mundo quando estiver aqui, esteja comigo.

03 de dezembro de 2010
Rio de Janeiro, Brasil.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sabor & Som

Há dentro de nós algo que nos cala
Quando pensamos demasiado,
Mas os pensamentos também calam
E não há palavras
Quando são os olhos que falam.

Sinal que o coração está feliz
E mudamos de um mundo gris
Para um mundo cheio de cor,
De sabor e som
Da manhã que novamente se rebela,
Cala e revela
E dilacera no peito qualquer dor.


parceria com Milton Baseggio Lehmkuhl