quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Domingo

Hoje não é domingo, mas bem que poderia ser.
Só porque hoje eu me permiti fazer das poucas horas que tenho
Um final de semana inteiro!
Lembrei que do título dessa postagem
Chico Buarque já fez (ou se não fez poderia ter feito)
Uma canção de Desencontro , sem um pingo de açúcar
Em que dizia: "Longe dele eu tremo de amor,
Na presença dele me calo".
Pois foi exatamente isso o que aconteceu
(Ou poderia ter acontecido se fosse real).
De repente, a menina ficou muda.
Parece que aquela menina agitada e falante
Havia se encontrado
Com uma estátua gigante, um titã, um fantasma,
Um adulto daqueles meio opressores
Que dizem sempre o que se deve fazer.
Onde está aquela menina que passava
Horas olhando o pé de jambo
E o pé de acácias, todo amarelinho?
Ela precisa mesmo fazer da quinta-feira
(da sexta e do sábado também)
Um domingo preguiçoso.
Precisa mesmo remexer o baú da infância
E retirar de lá algumas fotografias
(Aquelas que quando a gente via até se envergonhava
Das pernas finas e da boca suja de doce).
Ela queria fazer de todo dia um domingo, pra viver de lembranças
E alguns esquecimentos, talvez alguns planos também.
Quem sabe assim ela ensaie
Algo pra dizer quando encontrá-lo.
Quem sabe assim ela não fique muda ao vê-lo,
Quem sabe a menina do pé de jambo diga a ele que
Meditar pode ser simplesmente ficar olhando pra cima
Esperando o jambo cair.
Afinal de contas, ela é só uma menina
Não sabe nada de meta-física.
Não sabe nada sobre a vida.
Ouve Chico Buarque e acredita
que da dor se faz poesia
E da poesia se faz amor.

2 comentários:

D. F. C. disse...

É, o Chico ensina dessas coisas pra gente.
Tá lá, dito. Lê quem quiser, entende quem puder.
E a ausência de palavras se faz sintoma de que nada precisa ser dito.

Anônimo disse...

...mtoo bomm...gosto dessa permissão q nos damos de vez emq do em fazer do não-domingo, um domingo...