domingo, 25 de dezembro de 2011

A mulher intuitiva

imagem da web
Ela é aquela de longa trança, cheia de anéis e olhar profundo. Ela caminha descalça sobre a terra, dorme sobre os galhos das árvores e não teme o vento que balança seus cabelos como as folhas dos galhos. A mulher intuitiva é aquela que dança nas pontas dos pés e gira sua saia e balança seus quadris. Ela senta-se ao redor de uma fogueira com as outras de seu grupo, pois não pode viver só. E, estando em grupo, partilha da sabedoria ancestral que traz consigo, sua sabedoria de velha, seu amor maternal e sua leveza de menina. Ela faz poesias e usa as palavras com o cuidado de respeitar-lhes o poder, pois cada palavra pode compor um verso, uma prece,  um cântico ou um encanto. E ela caminha fluida e intocável por florestas escuras e retorna à luz, pálida e nua. Se preciso, ela veste-se de armas e escudos e luta. Ela retorna da guerra para mostrar aos seus que é a batalha que nos mantém fortes, não o descanso. E, como um lobo, ela lambe as próprias feridas como se tivesse na ponta da língua um bálsamos para tudo. Ela é forte, é sábia e tranquila. Ela é avó, mãe e filha. Ela guarda em si todos os segredos da vida.


Rafaelle Benevides.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Detalhes

Vik Muniz

Os mais ínfimos detalhes são responsáveis pelas mais notáveis diferenças.


A imagem acima é de Vik Muniz e faz parte de uma série de imagens de crianças que trabalhavam na colheita de cana-de-açúcar. Obs.: A imagem é feita de açúcar sobre papel preto.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Mulher do mar

A escafandrista

Quem pode prever
E dizer que a vida
Não será aquilo que se quer?


Quem pode compreender
E dizer dos segredos
Sob os cabelos dessa mulher?


E a força contida na trança
Que prende e, quando bem entende,
Arranca do peito o mal-me-quer.


Quem pode contar no tempo
As voltas que a vida dá?
E querer dizer-se amada,
E querer voltar a amar?


E quem vê a alegria
No olhar de criança,
Que não se vê sob a trança
De uma mulher do mar.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Mar serenou

Clara Nunes
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
Clara Nunes
O pescador não tem medo
É segredo se volta ou se fica no fundo do mar
Ao ver a morena bonita sambando
Se explica que não vai pescar
Deixa o mar serenar
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
A lua brilhava vaidosa
De si orgulhosa e prosa com que deus lhe deu
Ao ver a morena sambando Foi se acabrunhando então adormeceu o sol apareceu
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
Um frio danado que vinha
Do lado gelado que o povo até se intimidou
Morena aceitou o desafio Sambou e o frio sentiu seu calor e o samba se esquentou
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
A estrela que estava escondida
Sentiu-se atraída depois então
apareceu
Mas ficou tão enternecida Indagou a si mesma a estrela afinal será ela ou sou eu
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia

domingo, 4 de dezembro de 2011

A casa

A
casa
que eu fiz
pra você morar
Encheu-se de luz e cor
Ao te ver chegar.
Tão feliz ao te ver,
A casa voltou a ser
Lugar para se morar.