sábado, 31 de julho de 2010

Sonhos

Imagem da web

Somos nós que alimentamos os nossos sonhos
 ou eles que nos alimentam?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mergulho

No exato momento
No exato instante
Em que nós mergulhamos
É preciso entender
Que não estamos somente matando
Nossa fome na paixão
Pois o suor que escorre não seca, não morre
Não pode e nem deve nunca ser em vão
São memórias de doce e de sal
Nosso bem, nosso mal, gotas de recordação
E é importante que nos conheçamos a fundo
E saibamos quanto nos necessitamos
Pois aqui, eis o fim e o começo
A dor e a alegria, eis a noite, eis o dia
É a primeira vez, é de novo, outra vez
Sem ser novamente
É o passado somado ao presente
Colorindo o futuro que tanto buscamos
Por favor, compreendamos que é o princípio
De tudo, batendo com força em nossos corações
E é importante que nós dois saibamos
Que a vida está mais que nunca em nossas mãos
E, assim, nessa hora devemos despir
O que seja vaidade, o que seja orgulho
E do modo mais franco de ser
Vamos juntos ao nosso mergulho
Por favor, compreendamos.

Mergulho, composição de Gonzaga Jr., interpretado por Maria Bethânia.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pessoas iguais

Imagem: Matrioskas

Reparo na luz que entra pela janela do apartamento. Ainda não é primavera e eu continuo aguardando o telefone tocar. Vejo cada uma das fotografias espalhadas pela casa e algo me diz que alguém, além de mim, vive aqui. Alguém que não consegue combinar sofá e tapetes e coleciona objetos de viagens que simplesmente não se entendem na mesma mesa. Reparo em cada detalhe e me pergunto como cada coisa foi parar em seu lugar (talvez tenham caminhado sozinhas quando anoiteceu), desconfio. De repente percebo que há tantas pessoas iguais neste mundo e me pergunto como envelheci dez anos em tão poucos dias. Como vivi tanto e ao mesmo tempo tão pouco? Quantas vezes o cavalo encilhado passou em frente aos meus olhos e eu não saltei? E eu continuo aqui, feito bobo, reparando em cada detalhe do meu apartamento, esperando a noite chegar. Reparo na luz que entra pela janela, formando sombras junto aos objetos da sala de estar. E eu aqui, sentado, calado, pensando sobre detalhes, um alguém igual a todos os outros, como um objeto da sala.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quando eu volto do mar

Imagem: O--tebem--o


Eu poderia dizer que desisti.
Mas não, eu não sou assim.
Eu não sou alguém que mergulha
e volta de mãos vazias.
Eu poderia dizer que vou embora,
que não aguento mais,
que não suporto mais o som da sua voz,
mas eu estaria mentindo.
Eu poderia dizer que me arrependi,
que me doei demais,
que saí perdendo, mas não,
eu não sou assim.
Porque eu sou alguém que mergulha
no mais profundo da alma
e encontra lá no fundo um motivo para continuar.
Eu sou alguém que escreve poesias como quem doa pérolas,
as pérolas que encontra lá no fundo... 
Eu sou alguém que guarda flores no armário
e veste-as todas as manhãs.
Eu sou alguém que coleciona sonhos.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dos dias em que chove

Imagem de Scarabuss

Nos dias em que chove e tudo fica branco,
meio pálido, eu fico frágil assim, como quem não
consegue escrever uma única poesia...

domingo, 25 de julho de 2010

Se...


"Sei lá o que te dá, não quer meu calor...
São Jorge, por favor, me empresta o dragão..."

Se, Djavan

sábado, 24 de julho de 2010

Recordações



Hoje senti que certas coisas deveriam ficar numa gaveta e não mais saírem de lá. Descobri que cada coisa tem o seu lugar, mas a gente teima em retirá-las. Um bilhete que a gente encontra na agenda, uma fotografia no final do álbum, aquela pessoa que estava quieta no lugar dela e a gente foi procurar.

E tudo traz à tona as recordações. E as recordações trazem à tona os sentimentos. E de repente, tudo se torna complicado, bilhete na agenda se torna saudade, e sentimento se torna ato falho. Aprendida a lição, fica o lembrete: não mexer em nada que esteja quieto em seu lugar.

Imagem do tumblr

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Hoje eu acordei assim


Hoje eu acordei assim, com saudade de tudo. Acordei meio estranha, indeterminada, sem saber os planos para este dia. E senti-me meio assim... à deriva, como barco solto no mar. Deu vontade de deixar assim mesmo, tudo flutuando solto, deixando o vento soprar e levar. Nenhuma vontade de seguir em frente, nem retornar. Nenhum medo, nenhuma ânsia. Apenas acordei assim, leve, como um barco que se deixa levar pelo mar. E descobri que é assim mesmo que deveria acordar quase todos os dias, sem muitos planos, sem ânsias, apenas deixando o vento soprar e dizer as rotas a seguir... E quem sabe assim as coisas aconteçam, quem sabe assim tudo corra bem, quem sabe assim não seja necessário lutar contra nada, não seja preciso levantar bandeiras, não seja preciso abandonar sonhos. Quem sabe?


Imagem da web

terça-feira, 20 de julho de 2010

Das minhas urgências




Entra aqui.
Entra e fecha a porta.
Entra e esquece
O que você deixou pra trás.
Equaliza sua vibração com a minha.
Entra aqui e fica...
No meu peito, na minha cama,
Na minha vida.
Entra aqui e fica,
Pra sempre,
Agora...
É urgente!



Imagem: waiting by my window

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A nossa casa




Eu fiz a nossa casa
Pra você morar aqui,
Pra você vir e ver
Que eu posso ser
Quem você sempre quis.


Eu fiz a nossa casa
Pra você morar aqui,
Com espelhos pra você se ver
E uma cama pra gente não dormir.


Eu fiz a nossa casa
Pra você morar aqui,
Nas minhas poesias,
Na minha vida,
Pra sempre.


Eu fiz a nossa casa
Pra você morar aqui,
Eu fiz verão em dia gris,
Pra você vir e ver
Que eu posso ser
Quem você sempre quis.


Imagem: Casa del giardiniere de Claude Monet

As palavras



Dizem que as palavras tem poder. Poder de quê? De transformar ferro em ouro? De transformar? Será que alguém transforma-se ao ler/escrever uma poesia?

Clarice Lispector disse: "Escrevo como se fosse pra salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida". E sabemos que ela, mais do que ninguém, sabia encontrar na escrita o seu escape. Há quem escreva mesmo como uma tentativa, às vezes frustrada, de salvar-se, como quem arrebenta o próprio casulo, como quem sai do ponto de conforto e foge. Simplesmente foge.

Dizem que as palavras tem poder, mas o silêncio também. Muitas vezes o silêncio comunica bem mais e melhor que mil palavras. É o telefone que não toca, a verdade que ninguém quer dizer, a poesia que não se publica, a saudade que se sente em qualquer idioma, seja lá como se traduza esta palavra. Talvez não existam palavras que possam descrever o vazio, a falta, o buraco na alma.

Se soubesse que certas palavras poderiam salvar, eu já as teria escrito antes. Se soubesse que o silêncio queimaria o peito, já o teria transformado em alguma forma de poesia.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Do meu cansaço




Adormeço agora aqui. Adormeço, pois não há nada mais a fazer senão dormir e esperar que as horas passem. E quem sabe ao acordar seja mais feliz, quem sabe ao acordar veja de novo os teus olhos a fitarem o meu rosto. Quem sabe ao acordar eu possa ver-te e então as horas talvez não passem e eu não adormeça mais... quem sabe ao acordar não haja mais o frio que deveras sinto no peito agora... no peito inerte, no corpo morto, na pele que agora é só ausência tua. Adormeço agora.

Imagem da web

sábado, 3 de julho de 2010

Quando o sol põe-se...



Em Fortaleza, Brasil.
créditos do vídeo: @astromalta no Twitter