segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AMAVISSE

Instituto Hilda Hilst

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
(II)

* * *

Descansa.
O Homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias.
(Via Vazia - VIII)

(Amavisse - Hilda Hilst, São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.)

4 comentários:

Fred Caju disse...

Faz tempo que não lia essa mocinha...

Liza Leal disse...

Gosto da profundidade dos seus versos.

De agora em diante estarei apenas com o blog DRINK POESIA. Não mais - Cabana de versos.

bjim
mta luz!
=)

Carol disse...

Que lindo tudo isso!
Boa semana!

Franck disse...

Aqui, lendo poesia e alimentando uns peixinhos... Que saudade!