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Desta vida, de certo,
Só se sabe que há de acabar.
E se acaba esta vida?
E a morte morrida que me há de chegar?
Chegará em noite quente ou fria?
Sabe-se lá...
E se chegar o fim da vida
Sem que se saiba dançar?
E se chegar a morte morrida,
E não tiver feito poesia,
Que será de mim, que será?
De certo da vida,
Só se sabe que há de acabar.
E se chegar o derradeiro dia
E não tiver aprendido a cantar?
É preciso viver a vida que se quer,
Fazer da vida uma poesia,
Pois cada verso é um dia,
De um calendário qualquer.
E a vida passa despercebida,
Num verso de bem-me-quer,
E terá sido esta vida,
Bem mais do que se pensa que é.