Resta-me agora preencher as horas (antes tuas), recortar as boas memórias do álbum de fotografias e desfazer alguns nós da garganta. Procurarei agora em outros braços o consolo para os meus abraços que ainda buscam o corpo teu. Direi agora para algum outro, qualquer que seja, as palavras que guardei antes a ti e que queimavam no peito, na boca, na língua e se prendiam pelos dentes, lutando para sair.
Farei agora com outro o que tantas vezes falamos em fazer juntos: os passeios, as viagens, os planos de ter filhos e viver na casa de campo. A casa agora resume-se a cinzas, ruínas das minhas doces memórias tuas. Ficas agora com minha última notícia além-mar e os meus votos de felicidades. E caso queiras, quem sabe um dia, responder a esta carta, não envies para este endereço. Eu já não estarei mais aqui.
Sou Ana de cabo a tenente, sou Ana de toda patente,
Ana de Amsterdam
Baseado na obra de Chico Buarque e Ruy Guerra, Ana de Amsterdam.
Baseado na obra de Chico Buarque e Ruy Guerra, Ana de Amsterdam.
3 comentários:
Um espaço de entrega em tempo de casulos abertos. Parabéns pelo lugar navegador dbjs
Ahhh o poeta Chico inspira e transforma poetas.
Beijos moça.
Ah, Chico também é um dos meus preferidos! Como negar que ele entende bastante do sentimento humano? (Que convenhamos é bem complicado) especialmente de nós, mulheres.
Esse seu texto seu combina com essa canção do Chico: "Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu..."
Obrigada pela visita lá em casa!
beijo,
Carol
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