quarta-feira, 14 de julho de 2010
As palavras
Dizem que as palavras tem poder. Poder de quê? De transformar ferro em ouro? De transformar? Será que alguém transforma-se ao ler/escrever uma poesia?
Clarice Lispector disse: "Escrevo como se fosse pra salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida". E sabemos que ela, mais do que ninguém, sabia encontrar na escrita o seu escape. Há quem escreva mesmo como uma tentativa, às vezes frustrada, de salvar-se, como quem arrebenta o próprio casulo, como quem sai do ponto de conforto e foge. Simplesmente foge.
Dizem que as palavras tem poder, mas o silêncio também. Muitas vezes o silêncio comunica bem mais e melhor que mil palavras. É o telefone que não toca, a verdade que ninguém quer dizer, a poesia que não se publica, a saudade que se sente em qualquer idioma, seja lá como se traduza esta palavra. Talvez não existam palavras que possam descrever o vazio, a falta, o buraco na alma.
Se soubesse que certas palavras poderiam salvar, eu já as teria escrito antes. Se soubesse que o silêncio queimaria o peito, já o teria transformado em alguma forma de poesia.
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Um comentário:
Gostei do seu texto, você tocou nu bom ponto. Eu acredito na força das palavras, acredito que são verdadeiras. Quando se escreve é algo que sai de dentro e é confirmado pela habilidade da mão. Escrever o que se sente é um testemunho. Se alguém lê, e sente quem escreveu, realmente as palavras tem poder. E um bom texto pode mudar o mundo, nem que seja um: "No meio do caminho havia uma pedra / Havia uma pedra no meio do caminho".
E sim, Cecília, uem melhor do que ela pra falar que palavras podem salvar? Ela mesmo que contestou o mundo e se explorou por meio delas?
Bom texto ;]
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