domingo, 22 de setembro de 2013

A vida que se quer

Botero


Desta vida, de certo,
Só se sabe que há de acabar.
E se acaba esta vida?
E a morte morrida que me há de chegar?
Chegará em noite quente ou fria? 
Sabe-se lá...

E se chegar o fim da vida
Sem que se saiba dançar?
E se chegar a morte morrida,
E não tiver feito poesia,
Que será de mim, que será?

De certo da vida,
Só se sabe que há de acabar.
E se chegar o derradeiro dia
E não tiver aprendido a cantar?

É preciso viver a vida que se quer,
Fazer da vida uma poesia,
Pois cada verso é um dia,
De um calendário qualquer.

E a vida passa despercebida,
Num verso de bem-me-quer,
E terá sido esta vida,
Bem mais do que se pensa que é.





quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um pouco loucos, um pouco sãos

Todos os vinhos, todos os calores, todos os risos são nossos.
Nós aqui, nos permitindo devaneios poéticos,
Enquanto lá fora os corações congelam ao vento.
O fio do silêncio nos cortava o peito há pouco,
Agora somos só versos, só ânsias, vinhos e calores muitos.
Aguardamos, atentos um ao outro, para que não passe o nosso verão.
Novas estações chegam, novos amores vêm e vão.
E nós aqui, nos permitindo vinhos, devaneios, versos.
Somos um pouco loucos, um pouco sãos.