domingo, 28 de abril de 2013

Devaneios de domingo

Zero hora de domingo pra segunda e a insônia nos acompanha num fervor intermitente. Pouco importam os nossos compromissos de amanhã, tua nudez reconhece as minhas curvas. Estamos tomados de vinho, de amor, de calores muitos e em várias direções. Os livros na estante emudeceram, mas eu lembrei de um poema teu, guardado na gaveta, um soneto. Tentei imaginar quantos homens já me escreveram sonetos. Só você. Só você que, no soneto, se dizia meu. É preciso muita coragem para mentir em métrica poética tão bem calculada. Talvez fosse verdade no momento em que escreveu. Agora que leio, é só saudade. Saudade é você que se estica no meu sofá, me traz um vinho barato e tenta ocupar um lugar que já te pertenceu. Continua se perdendo nas minhas curvas, nas minhas poesias, nos meus devaneios de domingo. Amanhã esquecemos o passado e voltamos a viver no presente.


terça-feira, 16 de abril de 2013

Não me ame tanto assim

Não me ame tanto assim.
Ama aquilo que hoje é mar, amanhã é bruma.

Ama na espuma do mar, na onda que traz e depois leva.
Ama nas horas vazias as coisas que não têm nome
E que, assim sendo, não obedecem ao teu chamado.

Ama aquilo que hoje é brisa, amanhã é terra.
Ama aquilo que em ti é ânsia do mar,
Ama aquilo mesmo que não se esmera em te agradar
Aquilo tudo que te consome na espera.


Não me ame demais
Que o barco que hoje levanta as velas
Amanhã não torna ao cais.
Não me ame tanto assim,
Que desejo é fácil, amor é raro,
E amanhã é só relicário em mim.