quinta-feira, 28 de abril de 2011

Minha princesa cordel

Gilberto Gil e Roberta Sá

Minha princesa, quanta beleza coube a ti...
Minha princesa, quanta tristeza coube a mim...

Na profundeza
O amor cavou
O amor furou tudo no chão


No coração do meu sertão
No meu torrão natal
Meu berço natural
Meu ponto cardeal
Meu açúcar, meu sal

Nossos destinos
Desde meninos dão-se as mãos
Nossos destinos
De pequeninos eram irmãos
E os desatinos também tivemos que vivê-los bem juntinhos
E os caminhos nos trouxeram para este lugar
Aqui vamos ficar,
Amar, viver, lutar
Até tudo acabar.



sábado, 23 de abril de 2011

Diferente

En el mundo habrá un lugar para cada despertar,
un jardín de pan y de poesía...



Diferente, Gotan project.

Adão

Good Morning by Supernova

Na janela brilha o meu sol particular. Não preciso de nada para além das paredes deste apartamento. Toda alegria mora aqui. Ele dorme misturado aos meus lençóis, indefectível corpo ainda quente. Adão, expulso do paraíso, vive agora aqui. Eu não sou a metade dele, cara-metade, sou inteira e ele também. Almas irmãs em corpos distintos, imensurável sintonia, simpatia de Santo Antônio ou São João, ele parece enviado dos céus. E dorme feito anjo, feito homem em pêlo, em pele, em cima de mim. E não preciso de mais nada para além das paredes deste apartamento. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Poema de alvorada

Que no fim de tudo a sorte encontre-me dançando,
Que na noite escura derrame-se a aurora,
Gustavo Aimar
Que tão boas noites deixem-me sonhando
Com a doçura do dia em cada hora.

Que a tristeza não faça-se regra
No coração de um poeta desvalido.
Que apesar das dores que armam o coração,
Escrever sobre os amores ainda seja-nos possível.

Que o nosso céu não seja repleto de nuvens
A menos que depois abra-se um arco-íris.
Que, depois de tudo, fique em nós os perfumes
Da vida que assemelha-se à dos filmes.

Que esta canção possamos escutar
Na primeira hora do dia,
Que quando a sorte chegar
Encontre em nós a própria alegria.

Que, por fim, possamos entoar esta canção
Por tudo aquilo que em nós ainda vive.
E que no coração de todos haja versos 
Que contem-nos de tudo aquilo que não se extingue.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Morada




Felicidade mora aqui,
Alegria corre nas veias.
O absurdo que há em mim
Deixa marcas
Tal qual pegadas na areia.
Felicidade é tão grande assim,
Busca que não cessa.
Como lua no céu fica cheia,
Felicidade pelos cômodos se dispersa.
Faz tua morada aqui,
No meu peito,
Felicidade indiscreta.







http://tigerlungs.tumblr.com/

domingo, 17 de abril de 2011

Flor do sertão





Collage by Weedlace
Nem a água que cai 
Pra molhar a plantação,
Nem a chuva nem o trovão,
Nem o sol da segunda estação,
Pode abafar a voz
De uma mulher sertaneja.


Dos filhos que o ventre alimentou,
Só Deus sabe a dor que calou,
Como a terra que o fruto deu
E por falta d´água não vingou,
Só Deus sabe o que passou
A mulher sertaneja.


Nem o caboclo mais valente
Sabe domar uma flor do sertão.
Ela é moça bonita,
É donzela arisca,
De flor no cabelo e santo na mão.

Só ela faz da poesia uma prosa benfazeja,
Mas só Deus sabe dos segredos 
Que carrega no coração
Uma mulher sertaneja.


É ela a mais bela,
A flor de profunda beleza.
É o instinto em forma humana,
É a flor do sertão,
É a mulher sertaneja.


Quem sabe das minhas origens, compreende que não é só o mar a temática maior das minhas poesias, mas as mulheres e o sertão também. Espero ter feito uma boa poesia para saudar a nova semana. Boa semana a todos!



Mar de quê?

Construo uma casa de sonhos, navego um barco de nuvens num mar de versos. E sigo viagem adentrando as ondas calmas ou revoltas dos meus pensamentos mais íntimos, dos meus sentimentos não-revelados, dos meus atos falhos, dos meus defeitos dos quais sou refém. E como dizia Lispector, "até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso". Deixo-os em paz então. Até os defeitos têm sua razão de existir. E eu que sou berço de poemas inexplicados, entardeço neste mar tão imenso. Mar de quê? Cada um é um mar. Tem gente que é só amores, tem gente que é só alegria, tem gente que acha que tudo é só um mar de ilusão e que felicidade é só momento, as ondas que vem e que vão. Eu quero ser o mar inteiro e que as ondas sejam parte somente da minha constituição. Mar de quê?, eu pergunto. Hoje eu sou só calmaria, amanhã sou ânsia e, no fim do dia, sou maré cheia. 

Construo uma casa de sonhos, 
Navego um barco de nuvens 
Num mar de versos.
Eu que hoje sou calmaria,
Também sou ânsia e maré.
Eu sou um mar de coisas,
Um mar de poesia,
Um mar de sei-lá-o-quê.




Verão de 1867, Claude Monet
 Impressionismo.

sábado, 16 de abril de 2011

Tango callejero

Imagem da web









Procuro os elos de uma cadeia de significantes falhos. Versos são elos, sim. Embreago-me e embaralho cada fato, não lembro nada do que passou. Mas deixa lá, a noite é sempre criança. E dançamos então. Aguardo a condução para cada passo, envolvo-me em teu abraço e tango en la calle é combustão. 

Imagem da web

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fortaleza

Fortaleza,
Bandeira de Fortaleza
Meus olhos perdem-se no teu mar 
E em meio às tuas ondas,
Verdes como esmeraldas,
Minha alma põe-se a cantar.

Fortaleza,
Tua brisa move os meus cabelos.
Como tuas dunas,
Movem-se meus anseios de em ti repousar.


Fortaleza menina,
Teatro José de Alencar



Fortaleza de José de Alencar.
Fortaleza crescida,

Das ruas do centro e da Beira-Mar.

Aqueles que te amam
Não ousam te deixar
E aqueles que se foram
Só sonham em poder voltar.

Fortaleza da minha infância,
Terra da Luz, do vento e do mar,
Terra minha, querida,
O sol do meu Ceará.


Aniversário de Fortaleza, 285 anos.

Poesia publicada em 15 de março de 2011 no poesiaescafandrista.blogspot.com






terça-feira, 12 de abril de 2011

Fascinação

A mão que toca
Arrepio
Olhar se cruza
Calafrio
Abraço longo
Desafio
Fecha os olhos
Dá o gosto
Lânguido
Percorre o corpo
Aquece a alma
Do desejo a vontade
Ouve a voz do coração
Na cor da pele
A sedução
No tom da voz
A emoção
Da sina de menina
Que desatina
Fascinação
Imprime marcas
Idioma sem palavras
Necessária combustão
Faz sina ação.


Letícia Mota e Rafaelle Benevides.

domingo, 10 de abril de 2011

Herança

Clarice
Não quero ser filha e herdeira de uma literatura caduca. Digo que não serei, então. Acordo a cada manhã e reafirmo meu desejo de fazer da vida uma intensa poesia. A arte por si, a poiesis. Levantar-se, abrir-se como flor ao sol, ver o mundo tal qual ele é e escrever versos é o ofício maior, a arte de que falava o filósofo. Não entregar-se ao niilismo presente nos espíritos decadentes, que vivem como se já não vivessem, que alimentam-se de folhas secas. Eu não. Faço poesia, ou ambiciono fazer, por motivos meus (que são teus também?). Já disse que escrever é, antes de tudo, uma ousadia. Ousar recriar-se, reescrever-se, apagar-se e refazer-se. Alimento-me de poesia. Esta é a minha receita para a longevidade. Carrego em mim a marca daquelas outras tantas que escreveram num tempo hostil às mulheres que ousavam ter idéias próprias e, ainda mais, revelá-las. Vivem em mim aquelas mulheres que antecederam-me nas palavras e das quais bebi a doce, mais que doce, poesia. Destas sim, ancestrais amazonas errantes que ousaram cavalgar seus medos, revelaram-se humanas, para que eu pudesse, hoje, escrever... Destas sim, posso dizer que herdei algo.


Café





Lavazza, café.

J'aime ta couleur café

Tes cheveux café

...
J'aime quand pour moi tu danses

Couleur
Café

Que j'aime ta couleur
Café


Eu amo a sua cor de café

Seu cabelo café
...
Eu amo quando você dança para mim


Cor

Café

Eu gosto da sua cor

Café


Couleur Café, Serge Gainsbourg



sábado, 9 de abril de 2011

Afinação

Moilartist


Alguém poderia ler-me em voz alta e dizer-me a mim mesma? Pura, intacta? Quem ousaria dizer-me da lânguida tez que revela a imensa falta? E há? Nasceu este, tal qual verso marginal, desvirginado de ânsias, cheio de ciclos e oitavas descrito, afinal? Sim, nasceu. Aquele cujo nome pronuncia-se de mil formas, aquele que revela-se em tons, maiores, menores, mil tons. Tom maior. Aquele que ruboriza as minhas centenas de faces, sejam elas virginais, de menina, mulher, santa, indefesa, insegura ou louca. Nasceu aquele que ousava impor-se aos meus flagelos, estabeleceu em mim os seus desagrados, malgrado os elos que teimavam por transparecer. Ficou em mim gravado como poesia em ato, drama dramatizado, verso não-calculado, melodia dos meus dias, em todos os meus tons, de todos os meus versos. Indelicado trato, apurado tato, a fina ação.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Antigas serenas

Mulheres trabalhando, Marques de Oliveira.


Penso naquelas antigas mulheres de Atenas*,
Naquelas mulheres de longas saias,
Com suas obrigações dezenas.
Múltiplas faces revelavam 
Aquelas mulheres serenas,
Viviam para seus maridos,
Cozendo seus sonhos 
Em velhas panelas pequenas.


Inspirado em Mulheres de Atenas, Chico Buarque de Hollanda.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A poesia não é deste mundo


Tumblr


Shhhh... Não fales demais. As palavras cansam-se. Não escrevas também. Deixe que o que tiver de ser dito pronuncie-se, revele-se à aurora dos teus versos. Escrever é antes de tudo um ato soberbo, uma ousadia. Não ouses escrever à revelia das palavras. Talvez elas não queiram ser ditas agora. Respeito ao lirismo é essencial, meu caro. Fazer poesia não pode, nunca, ser automático. As poesias possuem vida própria, acordam-se cedo, espreguiçam-se faceiras em suas camas de nuvens, etéreas como elas só. E levantam-se! Ah, o despertar de uma poesia... é doce ver uma poesia levantar-se, surgir suave no meio da prosa insana que às vezes é esta vida. E se um dia achares que perdeste o lirismo nos teus dias, não afoba-te em buscá-lo, desesperado, nas coisas mundanas. A poesia não é deste mundo. Poesia é revelação de anjos, um bálsamo para o coração.


Insensatez

Quedo-me a pensar no que restou dos sonhos,
Na madrugada que ficou na memória,
Quedo-me a pensar nos dias tantos
Que fizeram o que hoje é a nossa história.


Custo a crer que tenha passado,
Célula guarda informação na tez,
Tudo fica aqui marcado,
Dos nossos amores à nossa insensatez.


Põe-se nublado, no coração, um sentimento
No corpo todo, da ilusão, o nosso tormento.


Fica gravado na pele do corpo,
Fica gravado na tez
A nossa imensa,
A nossa intensa,
A nossa insensatez.



Imagem Momintee


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Morangos Maduros




De todas as palavras, há aquelas que são mais doces. Se eu pudesse transmutar as palavras em um sabor, diria que o sabor dos morangos mais vermelhos, orvalhados, devem ser os versos de uma poesia de Cecília. Mordê-los deve ser como ler Clarice. Mas fazer poesia, isso sim é ainda melhor. Talvez fazer poesia seja como colher morangos maduros no começo da manhã, aqueles morangos de que eu falei anteriormente, os orvalhados. 


Fazer poesia é como colher morangos maduros no começo da manhã





domingo, 3 de abril de 2011

Ilusão

Snow White

Eita vontade arretada
De um dia não querer mais nada
De viver feito fada
A realizar outras intenções
Mas essa vida me fez ingrata
Me pôs sangue de barata
Tão egoísta estranha e pacata
Que duvido ter de Deus o perdão
Se um dia me sentir farta
E possuir tudo sem fazer nada
Ouvirei essa voz cansada
que fala ao meu coração
olha em volta alma perdida
toma esse sonho da tua vida
de amar e ser amada
sem ter motivo.razão
alma triste e desiludida
esquece as vezes perdidas
toma tento nessa vida
que toda felicidade
tem um dedo de ilusão.


Eliene Mota

A poesia acima não tem título e é de uma querida!

sábado, 2 de abril de 2011

Mensagens na garrafa

Ou um pouco mais moderno que isso...

Imagem: A Escafandrista


Resposta:

Imagem: A Escafandrista


A gente sempre dá um jeito de fazer poesia.

A primeira poesia é de Germano Xavier, visitem. Bom final de semana!