Bailam os versos meus
Por entre as ruas desta cidade lírica.
Enquanto dormem seus cidadãos,
As imagens oníricas percorrem os labiritos da mente,
Soltos, órfãos de pai e mãe.
As palavras inundam as bocas que,
Aflitas, ousaram pronunciar a essência daquilo
Que nunca foi nem nunca será.
Repousam sobre palavras no papel
Em preto e branco
Enquanto chove.
E a chuva leva embora as palavras.
Escoam pela rua os versos
Que um dia foram deixados nos muros das casas, incompreensíveis.
Em grandes painéis espalhados pela cidade
Contam-se palavras que não são de ninguém.
Os meninos dormem, as palavras bailam,
Enquanto uma poesia insana amanhece
Sobre a grande selva urbana.