quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dos livros


Imagem da web

Ela é tão somente um reflexo de tudo isso que lê e seu mundo gira em torno de cada poesia, de cada canção daqueles compositores antigos da nossa música... e assim vai vivendo, dentro dos seus sonhos, dos seus livros, das suas possibilidades. Ela acha que cada vida tem o seu lirismo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Desiderata

DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.

"Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível, sem humilhar-se,
mantenha-se em harmonia
com todos que o cercam.
Fale a sua verdade, clara e mansamente.
Escute a verdade dos outros, pois eles
também têm a sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas,
elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais,
olhando as pessoas como superiores
ou inferiores a você,
isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais
e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho,
por mais humilde que seja,
ele é um verdadeiro tesouro na
continua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer,
porque o mundo está cheio de armadilhas.
Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo, não simule afeição
e não transforme o amor numa brincadeira,
pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos
e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive a força do espírito e você estará preparado
para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com perigos imaginários:
muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina conserve,
para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores,
você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber,
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus,
seja qual for o nome que você lhe der.
No meio do seu trabalho e nas aspirações,
na fatigante jornada pela vida,
conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano,
o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz
e partilhe com os outros a sua felicidade".


Este texto foi encontrado na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore, datado de 1692.

domingo, 26 de setembro de 2010

Realidade



A realidade não é o que é, ela é o que somos. A vida ganha o significado que damos a ela, afinal de contas, quem mais poderia dar significados senão as pessoas? Dizem que se os cavalos tivessem um deus, seria um deus-cavalo, e os leões encontram em outros leões os seus líderes. Assim tudo é feito à nossa própria imagem e semelhança. Como poderia ser diferente? Então empreendemos a nossa procura pela Verdade, pela felicidade,  a procura por aquilo que nos falta.

Budapeste II

"A verdadeira poesia desaba por dentro... como o amor".

Kriska, Budapeste de Chico Buarque.

Ninguém acertou, gente! ain, ain...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Budapeste

"A verdadeira poesia desaba por dentro..."


Um prêmio para quem completar a frase corretamente!

Budapeste, Chico Buarque.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Verso nobre

Imagem da web

Eu confesso que não vi todos os teus detalhes
E desviei dos teus olhares, eu confesso que não quis.
Agora passas sem notar-me e eu parado aqui,
Procurando um verso nobre num poema pobre
Para dedicar a ti.

sábado, 18 de setembro de 2010

Amados e Amantes

"Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao ver que sem você
Eu passo bem demais...

Dizem que o medo das mulheres é que seus homens amem outras mulheres, mas o medo dos homens é que suas mulheres sejam amadas por outros homens. Amadas no sentido mais carnal da palavra, amadas-satisfeitas. É por isso que as mulheres dizem "meu marido tem uma amante". Na verdade, elas não conseguem imaginar a possibilidade de seus amados amarem outras mulheres, preferem a idéia de que outras amam seus amados, por isso o que os homens têm, para as mulheres, não são outras amadas, são amantes. E como as palavras traem-nos em tantos momentos e revelam-nos nos nossos maiores medos e angústias e tormentos! Se para as mulheres, seus homens tem amantes, para os homens suas mulheres têm o quê?


... E que venho até remoçando
Me pego cantando,
Sem mais, nem por quê
Tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você ".
 
Olhos nos olhos, Chico Buarque

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Poema de agradecimento

Versos dedicados a Roberto Favretto.

Ah se eu pudesse recriar-te
E fazer-te em cada mínima parte,
Se eu pudesse dar-te outros nomes
Então serias obra minha, somente minha,
Do meu desejo e do meu afeto
E ficarias sempre aqui, comigo a sós,
Sempre tu em mim a habitar-me,
Sempre, somente nós.

Drummond

"Neste botânico setembro,
que pelo menos você plante
com eufórica emoção ecológica
num pote de plástico
uma flor de retórica."

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

In Verso


Imagem: Pablo Picasso


Se pudesses ver-me em cada verso
E decifrar-me em cada linha
Como se decifrasses um enigma
Que estivesse a devorar-te,
Se pudesses ler-me como
Quem lê uma doce poesia
Com que alegria irias desvelar-me?
E se pudesses descrever-me em um traço,
Como obra de algum artista,
Que quadro eu seria,
Um Matisse ou um Picasso?



Nota: Henri Matisse, pintor francês do Fauvismo; Pablo Picasso, pintor espanhol do Cubismo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Palíndromo

Imagem linoart

Quando pediram ao Chico (Buarque, óbvio, de que outro Chico eu falaria?) para fazer algo pro jornal Pasquim paulista ele disse: "Minha agenda estourou. Tô enlouquecido, ensaiando o show com Bethânia para o dia 02 em Paris. Fazer matéria nem pensar, mas se vocês quiserem um palíndromo... Levei 5 horas fazendo".



"Até reagan sibarita tira bisnaga ereta"

Chico Buarque

Pasquim São Paulo Ano XVIII - 10 de julho de 1986

Obs.: Palíndromo é a frase que pode ser lida da direita pra esquerda e faz o mesmo sentido.

fonte: chicobuarque.com

domingo, 12 de setembro de 2010

Farol

Enquanto sigo teus passos na areia
Minh´alma é como a luz
Que nos teus olhos vagueia
Como as ondas do mar
Meu caminho agora são
Águas que o teu farol clareia
No passar das horas
Que o meu coração encendeia
Porque longe de ti meu olhar só mareia, mareia...

sábado, 11 de setembro de 2010

Dubito, ergo sum



Mais uma tarde estranha neste apartamento
Em que as coisas me falam que ainda haverá um momento
Em que todas as coisas dirão que já é hora de partir
E ai de mim que espero sozinho e aflito
E leio as marcas deixadas em mim
E os sinais que eu mesmo deixei gravados em todos os lugares
Para que algum escafandrista possa lê-los
Quando eu já não mais estiver aqui...


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Eu te amo"

Aos 16 anos você acha que "eu te amo" é uma expressão sagrada, que só pode ser dita verdadeiramente, com todo o sentimento, para aquela que será a pessoa da sua vida. Logo depois de algumas decepções você descobre que as pessoas dizem "eu te amo" de forma displicente e leviana. Depois de um tempo você descobre que "eu te amo" é bom de se ouvir, mas que se beleza não se põe à mesa, também não se serve "eu te amo" no café da manhã. E você precisa de mais do que isso. Uma hora você descobre que "eu te amo" não é "abracadabra", não conserta corações partidos, não traz de volta o tempo perdido, "eu te amo" não recebe o que não deu. "Eu te amo" algumas vezes é mais interrogação que afirmação, é mais desejo que ação, é mais dúvida do que qualquer "talvez, não sei". De repente, você pode pensar que aquela pessoa que seria a pessoa com quem você deveria estar para sempre pode estar por ai, em qualquer lugar, lendo uma revista, comprando o pão ou pode estar trocando alianças, tendo filhos e comemorando aniversário de casamento com alguém que não é você. Ou não. Bom, passa de tudo pela cabeça, mas esta não é a melhor coisa a se pensar. A verdade é que a pessoa certa também pode ser esta ao seu lado agora, essa que levanta cedo pra fazer o café, que almoça pensando em você e se preocupa com o que você comeu quando você diz que está com dor de cabeça. Pode ser que o amor verdadeiro seja esse alguém que passa o dia ocupado, mas que volta pra você ao fim do dia para vocês jantarem juntos e verem tevê. E de repente você descobre que "eu te amo" é mais simples do que qualquer teorema, às vezes você nem precisa se preocupar com isso. Às vezes "eu te amo" é algo tão simples que você nem precisa dizer. Pelo menos não com estas palavras.

O corpo e o movimento em “O escafandro e a borboleta”

“O Escafandro e a borboleta” é um livro de Jean-Dominique Bauby, nascido em 1952, redator da revista Elle na França. Bauby foi vítima da síndrome locked-in, síndrome do encarceramento, que o deixou paralisado quase que por completo e comunicando-se através do olho esquerdo, a única parte do corpo não afetada pela paralisia.

Através de uma forma de comunicação bastante precária, lenta e cansativa, Bauby escreve o livro em que relata sua experiência de ter entrado em coma, de perder a autonomia de seus movimentos, de passar de uma vida cheia de afazeres no qual ele ocupava uma posição profissional relevante a uma posição que ele compara a de um “bernardo-eremita sobre o seu rochedo”.

Através da possibilidade de comunicar-se, usando apenas o olho esquerdo, Bauby vislumbra a possibilidade de uma vida vivida em sonhos, em pensamentos. A comparação entre o corpo e a mente é feita através do escafandro, como algo pesado, que impossibilita o movimento, no qual o escafandrista vê-se aprisionado, e o pensamento como a borboleta, que vagabundeia livremente, leve, numa existência frágil.
 
(...) O corpo ganha nova configuração, novo sentido. Há um sentido médico do corpo como a expressão da doença, da paralisia. O corpo, neste caso, muitas vezes é visto como impossibilidade de realização. E há outro sentido também para o corpo, como o corpo que ainda mantém a vida, o corpo que permite a observação do mundo agora com maiores detalhes, um corpo que em sua impossibilidade de movimentar-se, permite uma re-significação da percepção da realidade.

O livro de Jean-Dominique Bauby tornou-se um sucesso traduzido em mais de trinta países e virou filme, chamando a atenção de jornalistas no mundo todo em 1997, quando faleceu seu autor".

O texto acima é uma das atividades acadêmicas da discplina de Psicomotricidade do curso de Psicologia na Universidade de Fortaleza, vetada a reprodução.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Despedidas

Imagem da web

Quando das minhas horas resolvo fazer algo que possa resumir-se a linhas e vejo que tudo o que vem de mim, nestas mesmas horas, é ligeiramente louco e as minhas palavras ecoam pelos labritintos dos teus ouvidos e eu escrevo sem saber se isto terá um dia algum sentido para você porque sei que sou capaz de não fazer nenhum e ao mesmo tempo sou capaz de despertar em você o que há de pior e o que há de melhor, porque quando você me vê passar você sente que sou sempre assim, tão fluido e você acha que me compreende, mas tudo o que apreende de mim se esvai com tamanha facilidade e tudo o que interpreta de mim é o meu caminhar vacilante, as minhas palavras soltas, sem sentido, sem açúcar, sem afeto, sem um pingo de razão, mas que você desejava que fossem todas suas, que falassem de você, que te descrevessem e te revelassem nos teus piores defeitos e nas tuas manias e eu não teria coragem de fazer isso porque te magoaria e você esperaria de mim muito mais do que eu poderia te oferecer, então você continuaria ai com os teus sonhos, os teus planos bobos que me incluem, tecendo os fios das redes que te sustentam e você não teria agora a certeza se isso um dia terá fim e eu te provo por a mais b que tudo que tem início também acaba e pode acabar de qualquer jeito, sem deixar cartas de despedidas, sem desculpas e sem mais demoras eu te digo que as coisas devem ter um ponto final agora, aqui, com uma única palavra que possa resumir tudo isso: Adeus.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Das minhas dúvidas

De todas as minhas cores,
Quantas são feitas do azul do céu,
Do branco das nuvens,
Quantas são feitas de sonho?
De todas as curvas do meu corpo,
De todos os traços do meu rosto,
Quantos são em forma de S,
Em forma de L, em forma de V?
De todas as minhas poesias,
De todos os meus pensamentos,
Quantos poderiam ser canção?
De todas as minhas horas, de todos os meus dias,
Quantos são realmente meus?
E as minhas luas,
E os meus sóis,
Como poderiam ser todos eu?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ágape

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria."

1a epístola de Paulo aos Coríntios.